Produtos sustentáveis do Cerrado ganham força

Comunidades desenvolvem produtos a partir da biodiversidade, conservando o bioma e garantindo a segurança alimentar

O uso sustentável da biodiversidade é uma das premissas de entidades e associações que trabalham com ou apóiam povos e comunidades que vivem nos diferentes biomas. Em Mato Grosso, a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – Fase, começou a desenvolver um trabalho que estimula oito comunidades na região de Cáceres, 215 km de Cuiabá, a conservarem o Cerrado a partir do princípio da segurança alimentar.

A partir de meados de 2005, as comunidades, todas iniciantes no extrativismo, discutiram a importância da manutenção da biodiversidade e como tirar o sustento das plantas nativas em abundância. Cumbaru, pequi, babaçu foram algumas das espécies escolhidas para serem aproveitadas. “Nós estimulamos cada uma das comunidades a escolher um produto principal para desenvolver seus usos. No caso do pequi, por exemplo, já são 14 subprodutos fabricados pela comunidade”, destaca Vicente Puhl, coordenador da Fase Mato Grosso.

No assentamento Vale Verde – Sadia, a Associação das Mulheres Araras do Pantanal escolheu o cumbaru, árvore do Cerrado ameaçada de extinção. A polpa e a amêndoa são comestíveis e a casca, utilizada para o artesanato. As mulheres da associação produzem bombom e o cumbaru torrado, cujo gosto lembra o amendoim. Da casca, são produzidos chaveiros, colares e até cintos. Benivalda Cerqueira Lima, assentada que faz parte da associação explica que em seis meses já estão produzindo os produtos em várias feiras e outros eventos, como o V Encontro dos Povos do Cerrado, que aconteceu em Brasília, entre 23 e 26 de novembro. “Essas experiências sevem para a gente mostrar as pessoas os produtos e os alimentos naturais do Cerrado”, explica. Assim como no assentamento Vale Verde – Sadia, a produção sustentável de produtos do Cerrado nas outras comunidades é composta essencialmente por mulheres, sendo para muitas, a única fonte de renda.

Vicente Puhl conta que a Fase estimula a troca de experiências entre as comunidades e a participação nos diversos espaços “É importante a venda dos produtos, mas mais do que isso é conhecer outros grupos, outros produtos sustentáveis. Isso ajuda a melhora-los e incentivar quem trabalha de forma sustentável”, conta.

Para Puhl, a comercialização é o passo seguinte, que alguns grupos já estão realizando de forma equilibrada. Entre as comunidades apoiadas pela Fase, uma já comercializa mensalmente 100 quilos de mesocarpo de babaçu. “Vamos continuar apoiando as comunidades e trabalhar na identificação visual de cada produto”, finaliza.

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