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Guarantã do Norte sedia Curso de Manejo de Pastagens

Projetos demonstrativos da Rede BR163+Xingu e sistemas de manejo ecológicos são apresentados durante o evento

Estação Vida – Com o objetivo de trocar experiências e aperfeiçoar as estratégias adotadas em seus projetos demonstrativos de recuperação ambiental, agricultores familiares e técnicos de nove projetos da Rede BR163+Xingu de Conservação Socioambiental participaram do Curso de Manejo de Pastagens, nos dias 13 e 14 de março em Guarantã do Norte, no Mato Grosso.

Realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde (STR), o evento iniciou-se com as apresentações de três projetos-piloto de recuperação de áreas degradadas financiados pelo PDA-Padeq, do Ministério do Meio Ambiente, e desenvolvidos na região de abrangência da rodovia BR-163 e da Bacia do Xingu. Além das apresentações, o sistema Manejão e o Manejo Ecológico de Pastagens foram temas das palestras proferidas por Alexandre Carvalho e Jurandir Melado, que finalizaram o curso com a visita de campo numa propriedade próxima à cidade.

No primeiro dia do curso, o engenheiro agrônomo e coordenador de projetos do Instituto de Ecologia e Pesquisa do Complexo da Serra do Cachimbo (EcoCachimbo), Marcos Rocha, falou sobre as metas da instituição no que diz respeito à implantação de unidades demonstrativas de manejo de pastagens, sistema agroflorestais (SAF’s), apicultura e recuperação de nascentes em algumas propriedades do município de Guarantã do Norte.

Atuando através do projeto ‘Introdução de práticas produtivas sem o uso do fogo’, a EcoCachimbo coordena as atividades com 20 famílias rurais da região e, segundo seu coordenador, busca expandir esta experiência por todo o município. “A idéia é montar unidades demonstrativas destas atividades de recuperação ambiental para depois espalharmos estas informações e experiências para todos os produtores rurais da região”, afirma Rocha.

No município de Carlinda, os agricultores organizados da comunidade Nazaré estão obtendo bons resultados com a criação do Centro Comunitário de Gestão Ambiental Integrada, onde representantes de mais de 200 famílias participaram de uma oficina na qual elaboraram o diagnóstico participativo da área e definiram, em assembléia, as estratégias a serem adotadas para a otimização das pastagens. Além do diagnóstico, o projeto do centro comunitário dividi-se ainda em ações de capacitação, estruturação de modelos de produção sustentáveis e gestão participativa. Todas as atividades são coordenadas pelos próprios agricultores através de seu conselho diretor e recebem apoio técnico do Instituto Ouro Verde (IOV).

“O projeto busca melhorar a produtividade da área de pastagens de maneira a elevar a produção de leite na comunidade. Estamos alcançando bons resultados como o controle biológico das cigarrinhas e a substituição de agrotóxicos por mudas de Nim, uma planta que serve como inseticida natural. Mas nós sabemos que o projeto vai acabar um dia, por isso, acreditamos que a sua sustentabilidade só é possível quando o próprio agricultor usa de seus recursos para dar continuidade aos trabalhos iniciados”, comenta Alexandre de Azevedo, diretor presidente do IOV.

Já o projeto “Apoio à práticas alternativas à agricultura familiar” busca atender as necessidades do agricultores do município de Nova Guarita que estão manejando suas pastagens com o uso de cercas elétricas para a divisão das áreas em vários piquetes. As atividades são coordenadas por técnicos do Instituto Centro de Vida (ICV) e recebem o apoio da Coopernova e Cooperagrepa, cooperativas da região que promovem o comércio de frutas, leite e outros produtos produzidos nestas propriedades.

Rede agrega projetos para fortalecer iniciativas

Todos os projetos da Rede BR163+Xingu possuem características comuns como, por exemplo, ações de recuperação de nascentes e matas ciliares em áreas degradadas, além da formação de agricultores em sistemas de produção alternativos aos usos tradicionais das propriedades rurais. São atividades que fomentam a recuperação das Áreas de Proteção Permanente (APP’s) de seus municípios e surgiram de uma articulação das organizações na campanha ‘Y Ikatu Xingu’, que tem como principal objetivo recuperar as nascentes da Bacia do Xingu.

Para Daniela de Paula, assessora da campanha, o curso de Manejo de Pastagens visa atender às demandas comuns e potencializar os resultados dos projetos da rede. “O principal objetivo do curso é criar subsídios técnicos que permitam que os projetos aperfeiçoem suas estratégias ao tratar do manejo de pastagens. É muito importante também esta questão do intercâmbio de experiências, pois, há trocas de idéias sobre diversos assuntos, até mesmo daqueles que não são específicos da reunião técnica”, diz ela, ressaltando ainda a importância de se formar um cordão de projetos na região para se juntar com outros projetos do Fundo Nacional do Meio Ambiente na tentativa de reverter a situação atual de degradação das matas ciliares gerada pelo processo de ocupação do interior do Mato Grosso.

Técnicas melhoram a produção

Durante o curso os participantes puderam aprender noções de dois sistemas de manejo de pastagens que substituem o método convencional do “pastoreio contínuo”, ainda muito usado na maior parte dos estabelecimentos pecuários do Brasil. Nesse sistema, o gado fica sobre uma mesma área de pastagem por um longo período, o que impede que o capim refaça suas reservas de nutrientes, diminuindo assim a produtividade do rebanho e aumentando a degradação do solo.

O sistema Manejão, apresentado pelo engenheiro agrônomo Alexandre Carvalho, visa melhorar o que já existe na propriedade, preservando as pastagens e dividindo os pastos, para depois de 12 meses iniciar os investimentos em capacitação da equipe de campo para o uso racional de calcários, adubos e herbicidas e promover a arborização dos pastos no sentido de minimizar a temperatura ambiente e recambiar os nutrientes do solo.

Ao invés de práticas convencionais como o desmatamento prévio, o fogo e a aração do solo, o engenheiro agrônomo Jurandir Melado, propõe um método criado por ele chamado de Manejo Ecológico de Pastagem. Trata-se de um método que mistura técnicas do Pastoreio Racional Voisin com suas leis de rodízio do gado nas pastagens e o sistema silvipastoril, agregando a diversificação de forrageiras, arborização adequada e excluindo o uso de adubos solúveis, herbicidas e vermífugos pesado.

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