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Campanha ‘Y Ikatu Xingu elabora plano de comunicação

Parceiros visitam projetos e comunidades para colher informações

Assessoria – Oficina reuniu profissionais de comunicação, técnicos e atores locais para conhecerem iniciativas promovidas pela mobilização e discutirem uma estratégia de comunicação. O contato com comunidades da região permitiu conhecer melhor sua realidade, sua linguagem e os meios mais adequados para alcançá-las.

Uma oficina e uma expedição de comunicação reuniram, de 5 a 11 de maio, em Canarana (MT), mais de 40 representantes de municípios, organizações e empresas parceiras da campanha ‘Y Ikatu Xingu – em defesa das nascentes e matas ciliares do Rio Xingu no Mato Grosso – para conhecer algumas das ações promovidas pela mobilização e elaborar um plano de comunicação.

O grupo visitou uma aldeia indígena, escolas, agricultores familiares, grandes e médios produtores em Canarana, Água Boa e Querência. Depois das visitas, profissionais de comunicação, técnicos e atores locais entre eles índios, professores, agentes socioambientais, autoridades e assentados, discutiram estratégias e materiais de divulgação mais apropriados à campanha.

A oficina foi uma experiência inovadora por abrir um planejamento de comunicação da mobilização à participação dos públicos a que ela se destina e não apenas recolher informações sobre eles. O contato com várias comunidades da região permitiu conhecer melhor sua realidade, sua linguagem e os meios mais adequados para alcançá-las. Outro objetivo do plano de comunicação é potencializar o caráter “demonstrativo” de alguns dos projetos e iniciativas, ou seja, aqueles que servem para disponibilizar e disseminar – por meio de dias de campo e visitas – práticas sustentáveis.

Os médios e grandes produtores são considerados pelas organizações que integram a campanha como aliados fundamentais por serem os mais diretamente envolvidos no problema do desmatamento das nascentes e beiras de rio e também aqueles que podem fazer a diferença na hora de impedi-lo. “Precisamos pensar uma comunicação voltada aos grandes produtores que leve em consideração a sua realidade, a sua visão dos problemas”, defendeu Eliane Felten, secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Canarana. Ela sugeriu que a campanha ocupe espaços e desenvolva estratégias de divulgação em feiras, festas locais e dias de campo promovidos por grandes importadores e empresas de insumos agropecuários.

A expedição foi até a fazenda Irmãos Görgem, de Fernando Görgem, prefeito de Querência. Ele defendeu a gestão ambientalmente responsável da grande produção agropecuária e mostrou algumas experiências que vem realizando em sua propriedade. Produtor de soja, Görgem mostrou a faixa de até 300 metros ao longo dos cursos de água em que está deixando o mato crescer. O prefeito tem defendido o aumento das Áreas de Preservação Permanente (APP) nas matas de beira de rio e a flexibilização das Reservas Legais (RL), áreas protegidas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a APP.

Na escola Elídio Corbari, na comunidade do Garapu II, em Canarana, os professores apresentaram o trabalho de educação ambiental que desenvolvem com os alunos, em especial as ações em defesa do Rio Sete de Setembro, afluente do Xingu. Um almoço de confraternização reuniu os visitantes, moradores, educadores e estudantes. Uma exposição apresentou cartazes, desenhos e ações realizados pelos alunos. A escola havia levado as crianças para conhecer as nascentes do rio e limpar suas margens. A questão da preservação das matas ciliares vem sendo tratada nos conteúdos pedagógicos. A professora Ilda Pit Mews resumiu o espírito da iniciativa: “menor que meu sonho, não posso ser”.

Na aldeia Ngojwêrê, no Parque Indígena do Xingu, o povo Kĩsêdjê manifestou sua preocupação com a degradação ambiental ao redor de suas terras e demonstrou o desejo de que a campanha possa trazer resultados efetivos. Os índios pediram que os visitantes contribuam na interlocução com os grupos de interesse na região.

Na escola Municipal Família Agrícola de Querência, única em sistema de pedagogia da alternância na região, os integrantes da expedição conheceram as experiências com educação ambiental e discutiram alternativas de comunicação para expandir a campanha junto às famílias dos alunos na área rural. No Projeto de Assentamento (PA) Jaraguá, a 70 quilômetros do município de Água Boa, o grupo conheceu o trabalho de agricultores familiares com reflorestamento e o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis. O Viveiro Municipal de Canarana, que faz parte da campanha, também foi visitado.

“O essencial é promover uma mudança cultural na alma das pessoas. Inclusive em nós mesmos, que somos parte desse processo, com o qual temos aprendido muito”, enfatizou Márcio Santilli, coordenador da campanha ‘Y Ikatu Xingu pelo Instituto Socioambiental (ISA). Para ele, o consenso em torno de decisões compartilhadas é o segredo para o sucesso de qualquer tipo de ação de organizações não-governamentais. “A expedição vem agregar saberes não apenas a atores locais, mas aos parceiros nacionais. Isso é transformador”. Márcio lembrou que o principal desafio da comunicação da campanha é conseguir comunicar-se de forma consistente tanto com o público regional, do nordeste do Mato Grosso, quanto com o público das grandes cidades.

Participaram da oficina representantes do Poder Público de Canarana, Água Boa, São José do Xingu, Querência e Gaúcha do Norte, além de profissionais de comunicação, técnicos e outros integrantes do ISA, do Instituto Centro de Vida (ICV), da Associação Terra Indígena do Xingu (Atix), Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD), Sindicato de Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), da ONG Ambientalista Roncador-Araguaia (Ongara), da E-Brigade, da delegação da Comissão Européia no Brasil, da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), das empresas NBS, Plano Digital e Icatu-Hartford.

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