Assessoria – São quase cinco mil volumes em um acervo de livros técnicos, científicos, didáticos, literários e infanto-juvenis. Seria um bom acervo para pesquisa se os livros não estivessem amontoados em uma enorme pilha, se deteriorando. E o que é pior: inacessíveis à comunidade. Tão perto e tão longe.
Pensando em reverter tal situação, a Central Única das Favelas (Cufa/MT), através do Núcleo Social Vitória que atua no bairro Jardim Vitória, está mobilizando moradores e lideranças do bairro para pôr em prática o projeto Literatura Central e organizar uma biblioteca comunitária capaz de atender crianças e adultos da comunidade.
Além da grande quantidade de livros adquiridos por meio de doações de moradores e organizações não governamentais presentes no bairro, a biblioteca já tem uma sede. O espaço é de aproximadamente 25m², possui banheiro e está localizado no centro do Jardim Vitória, atrás da Escola Municipal Dejane Ribeiro de Campos – uma das seis escolas que o bairro abriga.
A futura biblioteca comunitária também já possui um computador simples, mas providencial para o cadastro das obras e dos visitantes. Mas é sabido que nem só de livros e uma sede bem localizada vive uma biblioteca comunitária. Para ter condições de atender a população do bairro, a biblioteca precisa de uma estrutura mínima para funcionar: organizar os livros em seções, ventilação e tornar pesquisas e estudos possíveis no local.
“Para órgãos públicos, um político de boa vontade ou um empresário, por exemplo, não é difícil conseguir um simples bebedouro de água ou um dos itens que precisamos para fazer a biblioteca funcionar. Precisamos de prateleiras para organizar os livros, ventiladores, cadeiras e mesas para que as pessoas possam estudar no lugar”, apela Robson Soares de Arruda, Coordenador do Núcleo Social Vitória.
A carência de uma biblioteca comunitária fica evidente quando se percebe que das seis escolas existentes no bairro, apenas uma tem biblioteca funcionando. Além disso, a Biblioteca Pública Estadual Estevão de Mendonça fica localizada há (quantos? Se tiver a informação fica muito legal) quilômetros do bairro. Sendo assim, como dar acesso democrático à leitura e ao conhecimento principalmente a jovens e crianças?
“De que adianta o estado investir em qualificação profissional de bibliotecários se as escolas não têm bibliotecas, ou as poucas que existem, estão abandonadas e sofrem completo descaso”, reclama Vilson Antunes Ferraz, responsável pela biblioteca em desuso da Escola Estadual Dejane Ribeiro de Campos. “Biblioteca nunca foi prioridade, não apenas para o governo, mas para as próprias escolas e alunos. Falta educação”, conclui Vilson.
O Coordenador do Núcleo Social Vitória reitera a importância da iniciativa da Cufa de organizar e abrir uma biblioteca comunitária “O nosso principal objetivo é incentivar a leitura no bairro. Aqui a molecada não quer saber de ler. Nem por gibis eles se interessam, estão mais interessados em armas, roubos e coisas erradas. Queremos atender a todos, mas vamos dar mais atenção às crianças”, pontua Robson Arruda.
Para apoiar a iniciativa da Cufa de organizar a biblioteca comunitária no Jardim Vitória, o telefone para contato é (65) 3641-3018 e o e-mail nucleovitoria_@hotmail.com O local pode ser visitado na Rua 7, sem número, entre a Escola Municipal Dejane Ribeiro de Campos e o posto da polícia comunitária, no bairro Jardim Vitória.