Organizações do movimento social e os Ministérios Públicos Estadual e Federal firmaram parceria no enfrentamento dos impactos e ameaças à sociobiodiversidade da bacia do alto Paraguai.
Mel Mendes/FormadA margem esquerda do piscoso rio Paraguai, em Cáceres (MT), foi o cenário do “Encontro da sociedade civil e Ministério Público: parcerias e ações socioambientais no Pantanal”, que reuniu na última quinta-feira (18), pesquisadores, lideranças de organizações, comunidades tradicionais e assentamentos de diversos municípios da bacia do alto Paraguai e representantes do Ministério Público Estadual e Federal para socializar demandas e discutir ações em defesa do Pantanal.
O encontro, realizado na Câmara Municipal de Cáceres, foi organizado pela Promotoria Ambiental do Ministério Público Estadual de Cáceres (MT), em parceria com a Federação de Órgão para a Assistência Social e Educacional (FASE), o Instituto Sociedade Fé e Vida, Instituto de Pesquisa e Educação Ambiental GAIA, Centro de Defesa dos Direitos Humanos Dom Máximo Biennés e o Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Cáceres.
No primeiro momento da atividade, o pesquisador Sérgio Schlesinger, da FASE, apresentou dados de seu estudo sobre os impactos socioambientais do monocultivo da soja na planície do Pantanal. Em seguida, o médico e pesquisador da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Wanderlei Pignatti, falou sobre os malefícios dos agrotóxicos na saúde do ambiente e da população. De acordo com o representante da Sociedade Fé e Vida, Isidoro Salomão, estes temas estão ligados, e de acordo com o que a vida no Pantanal exige no contexto atual. “Nesse momento de invasão da soja é fundamental que se discuta esses temas. Precisamos ficar atentos, pois o monocultivo da soja trará um aumento no uso de agrotóxicos e de todo o mal que ele causa”, afirma Salomão.
Salomão destaca também outros temas que foram debatidos no encontro, como o grande número de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ao longo do rio, a mineração e o projeto que prevê a construção da Hidrovia Paraná-Paraguai, que já fazem parte do dia a dia de lutas dos movimentos da região. “Faz 13 anos que lutamos contra essa hidrovia. Já barramos o projeto uma vez, e hoje o agronegócio o trouxe de volta para a pauta”, conta o ativista.
No segundo momento da atividade, os representantes do Ministério Público Estadual (MPE-MT) Luiz Scaloppe e André Luiz de Almeida, e do Ministério Público Federal (MPF-MT), Felipe Antônio Abreu Mascarelli, falaram sobre as atribuições e contribuições do Ministério Público no enfrentamento dos impactos e ameaças à sociobiodiversidade da bacia do alto Paraguai.
O promotor André Luiz de Almeida descreve o encontro como um momento ímpar, uma oportunidade de trazer o MPE para mais perto dos movimentos sociais. “Para nós construirmos essa agenda conjunta, temos que dialogar com a sociedade e, principalmente, com os movimentos sociais, para que possamos tirar propostas e ações efetivas do MP na bacia do alto Paraguai”, destacou. O promotor conta ainda que a intenção é que a Procuradoria Especializada do Meio Ambiente, que fica em Cuiabá, adote esse documento e leve como forma de recomendação para todos os promotores da bacia do alto Paraguai.
O representante da Promotoria Ambiental de Cáceres acredita que, a partir das demandas construídas e legitimadas por tantas organizações e movimentos, os promotores se sensibilizarão com os temas apresentados. “Esperamos que todos os promotores da bacia se engajem nesse movimento para que possamos avançar em uma só direção, que é a defesa da sociobiodiversidade do Pantanal”, conclui.
Veja a galeria de fotos do encontro na nossa página do facebook: Formad