Navegar é preciso, viver não é preciso.
Edna Luzia Almeida Sampaio
Willian César Sampaio
Morreu Lourenço. E todas as luzes que brilhavam por um instante se apagaram. O tempo se preparou e anunciou, numa chuva fina do final de semana, que nossos corações aquecidos com sua presença, sentiriam o frio de sua ausência. Uma ausência que nos faz desamparados daquele pequeno homem, cuja grandeza e dignidade nos faziam crer na esperança de um mundo melhor, ainda quando juntos, nos resignávamos a aceitar nossa fragilidade diante da tarefa hercúlea de mudar o mundo.
Morreu Lourenço. Nosso amigo morreu. E parece que a tristeza maior é de quem perde um amigo. Amigo da juventude, dos cantos que entoavam à revolução de nossos corações, que fez crescer e viu florescer em nós uma nova cultura, uma nova vida um novo ser, pela causa que ele ajudou a plantar nos corações amigos.
Lourenço não era qualquer amigo, mas, era o irmão que escolhemos ter; tantas vezes comemos da mesma comida, bebemos da mesma água, cantamos a mesma canção: “Pai nosso dos mártires, dos torturados, pai nosso dos pobres marginalizados…” E rimos nossos risos juntos, da alegria dos nossos encontros; Márcia, Edna, Willian, Zenildo, Lucibeth, Mário, Julier, Janete, Edson, Inácio, Rosa… Tantos rostos amigos que o tempo e a vida separaram, mas que o carinho e amizade fizeram ainda subsistir. Lourenço nos uniu à todos, na sua simplicidade, na sua dignidade e, mesmo no seu derradeiro instante, manteve-se intrépido na sua última batalha pela vida, desta vez, pela sua própria vida.
Lourenço sentiremos saudades, mas, sabemos que aos poucos, em lugar da dor que nos paralisa nesse instante, sua força nos reconduzirá, acharemos novamente o caminho, abriremos nossos corações para que a esperança tome conta de nós e nos tornaremos mais fortes para continuar lutando pelo mundo que você não viu chegar e, ainda que nenhum de nós viva para ver, saberemos todos que remamos, remamos bravamente até o fim e, saberemos que, como a sua, nossa vida não será em vão.
Homenagem à Lourenço Fernandes de Almeida (1961-2006)
Dedicou a vida à militância política nos movimentos sociais de base: Pastoral da Juventude, CEBs, Movimento Popular de Saúde, Conselhos de Saúde, Fórum Mato-grossense de Desenvolvimento e Meio Ambiente – FORMAD e tantos outros espaços de luta por uma sociedade justa e democrática.