CARTA DO II INTERCÂMBIO ESTADUAL DE MULHERES DA CPT/MT
Nós, Mulheres de todos os cantos de Mato Grosso, aqui nos reunimos e seguimos fazendo história.
Nós, mulheres de Mato Grosso, acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra, das diversas regiões desse Estado, nos reunimos em Porte Alegre do Norte, de 28 a 30 de maio do ano em curso, para partilhar nossas experiências, refletir, anunciar e denunciar a realidade que vivemos. Estamos aqui e, através dessa carta, queremos dizer o que nos aflige e também o que nos anima.
Denunciamos a violência praticada contra nossos corpos e mentes que é fruto do machismo e do ainda persistente poder patriarcal, que continua vendo a mulher como objeto e propriedade, também do companheiro. É a mesma violência que se comete contra a Mãe Terra, explorada, desnudada e envenenada pelo poder do agronegócio.
Repudiamos a imposição de um modelo de desenvolvimento de morte, que privilegia a concentração da propriedade, a exploração dos recursos naturais por modelos não sustentáveis de geração de energia e de mineração, para a implementação de “grandes empreendimentos”, que expulsam populações camponesas, indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas.
Repudiamos a ação do Estado brasileiro que privilegia esse modelo de morte.
Reafirmamos que a luta e a coragem das mulheres mato-grossenses, que são sementes de vida e resistência, não dará trégua no combate às forças de morte.
Sonhamos com uma sociedade igualitária e humana, onde todas sejamos respeitadas e valorizadas em nossa autonomia, liberdade, diversidade e organização para superação das injustiças.
Queremos juntas lutar pela implementação de políticas públicas para as mulheres do campo, da cidade, das águas, do cerrado e da floresta, que respeitem nossos direitos de organização, nossa diversidade cultural, nosso jeito de ser mulher.
Celebramos nossa fé, nos alegramos e renovamos nosso compromisso na luta pela Terra, pela educação pública de qualidade, pelo atendimento integral à saúde, por moradia digna, pelo fortalecimento da agricultura familiar, pela produção agroecológica, enfim pela igualdade de direitos e vida digna para as mulheres e homens.
Porto Alegre do Norte/MT, 30 de maio de 2015.