O Brasil quer evitar, durante a conferência anual de clima da ONU, em Durban, que o Protocolo de Kyoto “morra”. A afirmação é do embaixador André Corrêa do Lago, diretor do departamento de Meio Ambiente do Itamaraty.
A preocupação do Brasil tem como base as ameaças de que Rússia, Japão e Canadá abandonem o conjunto de compromissos para reduzir as emissões de gases do efeito estufa que diferencia países desenvolvidos dos emergentes, a exemplo dos Estados Unidos, que não ratificaram o tratado por temerem prejuízos econômicos e por discordarem da isenção às economias emergentes.
O Protocolo de Kyoto, aprovado em 1997, obriga quase 40 países desenvolvidos a reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa.
O protocolo expira em outubro de 2012, antes da conferência anual sobre o clima do ano que vem, marcada para novembro.
“Se deixar morrer Kyoto, há praticamente um consenso de que você nunca mais vai chegar a um acordo total”, disse o embaixador a jornalistas.
Dentre os pontos que o Brasil irá defender na conferência, que ocorrerá em Durban, na África do Sul, entre 28 de novembro e 9 de dezembro, estão a aprovação do segundo turno de compromissos do Protocolo de Kyoto, e a discussão de um “molde” para o Fundo Verde, idealizado em 2010 para financiar os esforços ambientais de países em desenvolvimento.
Um dos obstáculos citados por Lago que influencia diretamente na concretização do Fundo é a atual crise econômica internacional.
Segundo o embaixador, a crise “inegavelmente tem um impacto preocupante”, uma vez que as negociações climáticas envolvem os aspectos econômicos dos países.
Uma série de embates envolve a discussão sobre a continuidade do Protocolo de Kyoto. Países em desenvolvimento defendem que os ricos assumam a liderança no corte de emissões, enquanto países como o Japão ameaçam deixar o protocolo se grandes emissores como China e EUA não tiverem metas obrigatórias.
De acordo com Lago, a União Europeia pode ser um aliada do Brasil, pois “tem interesses” no avanço da negociação sobre Kyoto.
Entretanto, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse na quarta-feira que países emergentes, como Brasil, Índia e China, precisam reduzir suas emissões de efeito estufa.
A expectativa para o encontro entre 200 países em Durban é de que apenas medidas modestas sejam tomadas para cortar as emissões de gases do efeito estufa, apesar dos alertas dos cientistas e de que as condições climáticas extremas provavelmente irão se intensificar em decorrência do progressivo aumento na temperatura do planeta.
FONTE: AGÊNCIA REUTERS