Qualificação é saída para emplacar matérias ambientais contundentes

Cerca de 40 pessoas entre jornalistas, estudantes e ambientalistas participaram do encontro, que ocorreu no auditório da Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT), em Cuiabá.

SINDJOR-MT – Conseguir emplacar nos veículos de comunicação o tema ambiental com matérias que vão além dos desastres ambientais e dos boletins prontos enviados pelas organizações que atuam na área, e ainda decifrar a linguagem jurídica do código florestal e leis que protegem o meio ambiente são algumas das tarefas apresentadas aos jornalistas na noite de terça-feira (24) durante a primeira etapa do curso de jornalismo ambiental promovido pelo Sindicato dos Jornalistas do Mato Grosso (Sindjor-MT) e Núcleo de Ecomunicadores dos Matos (NEM), uma ong de comunicadores e educadores ambientais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Cerca de 40 pessoas entre jornalistas, estudantes e ambientalistas  participaram do encontro, que ocorreu no auditório da Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT), em Cuiabá. A jornalista Andrea Fanzeres, repórter do jornal ambiental O Eco, abriu as discussões com a palestra “Unidade de Conservação (UC) da Natureza na imprensa”, com a proposta de debater de que maneira as UC tem sido tratadas pela imprensa e qual é o papel da comunicação na conservação dessas áreas.

Andrea se especializou em notícias que debatem o meio ambiente devido ao interesse pela área e diz que com informações consistentes é possível emplacar a pauta ambiental em qualquer caderno de um jornal, pois o tema perpassa por todos. “Ninguém nasce especialista em nada, muito menos em jornalismo ambiental, aliás jornalista não tem que ser especialista e sim jornalista, ou seja buscar pautas diferenciadas e que dizem algo à sociedade”, afirma ao mencionar que a qualificação profissional passa pela participação em cursos, seminários e debates.

A coordenadora do Escritório Modelo Ambiental da Faculdade de Direito da UFMT, advogada Giselle Vieira apresentou a palestra “Legislação Ambiental: Tutela Jurídica Ambiental e Unidades de Conservação”. Giselle discorreu sobre as principais leis e princípios que regem o direito ambiental, passando pela Constituição Federal e pelas leis ordinárias. Conforme a advogada, um dos grandes problemas é que, diferente do direito criminal ou civil, por exemplo, não existe ainda no Brasil um Código Ambiental que reúna toda a legislação existente sobre o assunto.

No entanto, Giselle considerou um grande avanço a inclusão do artigo 225 na Constituição Federal de 1988, que assegura que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Para assegurar judicialmente a proteção ambiental, a advogada ressaltou que existem três mecanismos jurídicos: a Ação Civil Pública, o Mandado de Segurança e a Ação Popular. “A ação popular é um instrumento muito interessante, mas que infelizmente pouca gente usa, talvez até por desconhecimento. Para se ter uma idéia, não é necessário nem mesmo advogado para se entrar com uma ação popular”, frisou.

A presidente do Sindjor-MT, Keka Werneck, lembrou que a idéia desse curso surgiu das reuniões do sindicato que são realizadas todas as segundas-feiras na sede da entidade. A presidente do Sindjor-MT, Keka Werneck, lembrou que a idéia desse curso surgiu das reuniões do sindicato que são realizadas todas as segundas-feiras, às 18h30, na sede da entidade. “Percebemos a necessidade dos jornalistas refletirem a cobertura que se faz sobre o assunto de tamanha importância, local e internacional, percebendo inclusive as relações de poder e aproximando tudo isso à vida das pessoas, ou seja, mostrando o que tudo isso tem a ver com nosso dia-a-dia, com a nossa qualidade de vida”, disse.

“Além de discutir meio ambiente queremos chamar atenção da mídia e dos jornalistas para o III Congresso Brasileiro de Jornalistas Ambientais, que irá acontecer em outubro em Cuiabá”, afirmou o jornalista e membro do NEM, André Alves citando que o I Congresso ocorreu em 2005 em Santos (SP) e a segunda edição em Porto Alegre (RS).

O próximo encontro está marcado para o dia 14 de abril com a palestra “Economia Ecológica e REDD – Reduções das Emissões de Desmatamento e da Degradação”, com o economista, mestre em Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente pela Unicamp, João Andrade. E no dia 18 de maio, está programada a palestra “Povos indígenas, conservação e uso dos recursos naturais”.
O curso tem o apoio do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad) e Instituto Centro de Vida (ICV). As inscrições para o curso de Jornalismo Ambiental são gratuitas e podem ser encaminhadas para o endereço eletrônico nucleodosmatos@gmail.com. Informações pelo portal www.dosmatos.org.br ou pelos telefones (65) 8411-4983 e (66) 92169380.

Congresso – O III Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental será realizado entre os dias 9 a 12 de outubro, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, e terá como tema central o meio ambiente versus projetos de desenvolvimento. A programação contará com palestras, mesas redondas, cursos, apresentação de trabalhos acadêmicos, exibição de filmes e várias atividades culturais.

Texto: Alcione dos Anjos
Fotos: Dafne Spolti

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