Um dos mais longos rituais indígenas da Amazônia brasileira, o Yaõkwa foi incluído na lista do Patrimônio Imaterial da Unesco. Isso significa que as cerimônias do povo Enawene Nawe, do noroeste do Mato Grosso, estão no topo das prioridades de salvaguarda pela Organização das Nações Unidas (ONU). No dia 25 de novembro, o Comitê Intergovernamental para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial acrescentou à lista o Yaõkwa e mais 10 outras representações culturais espalhadas pelo mundo.
Os Enawene Nawe celebram o Yãokwa sete meses por ano para agradar os espíritos Yakairiti e, assim, garantir a ordem cósmica e social na aldeia Halataikwa. Cada um dos clãs assume uma tarefa específica, como a pesca nos rios da região, preparação de oferendas, músicas e danças. Os Enawene Nawe acreditam que a única forma de apaziguar a ira dos espíritos e evitar que eles causem doenças e mortes é a oferta de bebidas e peixes durante o ritual.
No entanto, a disponibilidade de peixes na Terra Indígena Enawene Nawe está ameaçada pelas frentes de desmatamento no seu entorno e, principalmente, pela construção de um complexo de hidrelétricas no rio Juruena, o que já modificou a dinâmica hídrica e reduziu a abundância de peixes, essenciais para a cosmologia e para a alimentação deste povo indígena, que não consome carne vermelha.
Em novembro de 2010, o Conselho Deliberativo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) aprovou o registro do ritual Yaõkwa como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira, a partir da análise de um dossiê realizado por meio de um convênio com a OPAN, dois anos antes. “A OPAN sempre assumiu que a valorização do ritual é importante para o trabalho indigensta, respeitando o calendário tradicional Enawene Nawe e incentivando a continuidade de suas celebrações”, considera Ivar Busatto, coordenador geral da OPAN.
A OPAN trabalhou junto ao povo Enawene Nawe por mais de 35 anos, apoiando ações de identificação e demarcação territorial, fortalecimento político, atendimento à saúde, registro e valorização cultural, fomento à produção de alimentos, em programa de alfabetização na língua materna e diagnóstico de recursos naturais de importância para o povo.
OPAN
A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Atualmente suas equipes trabalham em parceria com povos indígenas do Amazonas e do Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e no fortalecimento das culturas indígenas.
FONTE: OPAN
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