Em Mato Grosso, decreto diminui distância de aplicação de agrotóxicos de cidades e nascentes

As grandes monoculturas de exportação, em especial a soja, milho e algodão, estão associadas ao intensivo uso de agrotóxicos. O Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país e também está na primeira posição entre os consumidores de insumos químicos nas lavouras brasileiras, com média de 113 milhões de litros ao ano. Dos 50 principais agrotóxicos utilizados em Mato Grosso, 39 são proibidos no Canadá e Estados Unidos e 22 são proibidos na União Europeia.

Agrotóxico mata – http://www.contraosagrotoxicos.org

Apesar de estudos apontarem contaminação por agrotóxicos, no mês passado, o Estado colocou em vigor o decreto 1.362, que diminui a distância de aplicação terrestre de agrotóxicos. A distância mínima de aplicação de cidades e mananciais de captação de água para abastecer a população era de 300 metros; de nascentes 200 metros; e de mananciais, moradias isoladas e agrupamentos de animais de 150 metros. Passando todos para 90 metros.

Quanto mais se reduz essa distância, maior é o impacto nos seres humanos, animais e meio ambiente no entorno das áreas. Os agrotóxicos provocam uma série de malefícios para a saúde, visto que são substâncias cancerígenas e neurotóxicas. Os insumos ficam acumulados no corpo e podem ser detectados no leite materno, urina e sangue. O decreto atende aos interesses do agronegócio, mas é considerada por pesquisadores e ambientalistas como um duro golpe no meio ambiente.

O Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea MT) emitiu comunicado informando que o novo decreto traz “tranquilidade” aos produtores rurais. O médico e professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Wanderley Pignati afirma que “o Estado está indo na contramão de tudo que está sendo feito em todo o mundo. Ao publicar um decreto como esse, cria mais um problema ambiental. O reflexo disso é que a situação, que já não é boa, vai piorar ainda mais”.

Ele afirma ainda que a legislação que estabelecia a distância mínima na aplicação dos agrotóxicos, “que já era pequena”, nunca foi respeitada e que o decreto vai aumentar o risco de contaminação da população. “Realizamos estudos que revelam que o lençol freático de Campo Verde, Lucas do Rio Verde e Primavera do Leste está contaminado por agrotóxicos. A contaminação está além das áreas de plantio. Diminuindo ainda mais a distância da aplicação, vai aumentar o impacto”, avalia Pignati.

FONTE: Comunicação MCP

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