Os 249 trabalhadores que estavam sendo mantidos como escravos na fazenda Agropecuária Pôr do Sol, em Campos de Júlio (600 km da Capital), já retornaram para os estados de origem, segundo informou o procurador de Santa Catarina, Jaime Perotine, que acompanhou toda a operação.
Segundo o procurador, a ação do Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi finalizada nessa quarta-feira (16), quando todos os pagamentos de indenizações trabalhistas foram realizados. Foi mais de uma semana de trabalho na fazenda e o MTE ainda não possui um relatório fechado sobre o valor pago de indenização pelos donos. O número inicialmente cogitado foi de R$ 530 mil.
Os trabalhadores estavam sendo mantidos em situação análoga à escravidão há mais de oito meses. O procurador afirma que a situação era “extremamente crítica”. Grande parte dos trabalhadores estava doente devido às péssimas condições do alojamento, com esgoto a céu aberto, comida distribuída azeda e em recipientes impróprios.
A Fazenda Agropecuária Pôr do Sol está em nome da gerente de contas da agência Goiabeiras do Banco do Brasil de Cuiabá, Leny Oliva Artmann, mas segundo o MTE a propriedade é gerenciada pelo esposo dela, Nery Guilherme Artmann.
Esta foi a maior operação de combate ao trabalho escravo realizada este ano em Mato Grosso. Desde janeiro tinham sido libertados 108 trabalhadores na mesma condição, em 12 fazendas.
A Polícia Federal já instaurou inquérito policial e, o Ministério Público do Trabalho, ação civil pública por danos morais aos trabalhadores.
Toda a produção da fazenda é vendida para a Usimat Destilaria de Álcool, próxima à fazenda. Segundo o grupo móvel, se for comprovado que a usina sabia da exploração de mão-de-obra escrava pelos fornecedores, ela também será autuada.
O flagrante só foi possível porque três trabalhadores fugiram da fazenda e conseguiram chegar em Cuiabá, onde denunciaram o caso.
A Gazeta
Da Redação