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Desenvolvimento, Sustentabilidade e opinião pública

O desafio de conciliar desenvolvimento com sustentabilidade é uma vontade política, já que práticas, modelos e pesquisas apontam os caminhos da sustentabilidade.

André Alves, Jonia Fank e Vicente Puhl* – Uma recente pesquisa do Ibope em parceria com a WWF-Brasil, em que foram ouvidas 1001 pessoas em 217 municípios, mostrou que para a população brasileira, o que trava o desenvolvimento é a corrupção (62%), e não restrições ambientais (7%). Outro dado revelado pela pesquisa é que 80% dos entrevistados não aceitam conviver com mais degradação ambiental. Ou seja, a percepção brasileira é a de que não existe mais uma dicotomia entre desenvolvimento e conservação ambiental.

O levantamento revela que declarações como a do presidente Lula e mais recentemente, do presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso – FIEMT, Mauro Mendes, que afirmaram que as questões ambientais são entraves do desenvolvimento, não condiz com a realidade e a opinião pública. Ambas declarações seguem a linha do enfrentamento e não cumprimento da legislação ambiental, para beneficiar apenas o setor dos grandes produtores ao invés do entendimento de que a conservação ambiental é compatível com um  desenvolvimento sustentável.

A população, as ongs e os movimentos sociais  pensam diferente, querem crescimento, mas não a qualquer custo. Não cabe mais copiar modelos insustentáveis, seja na agricultura, na indústria ou nas políticas governamentais de infra-estrutura. É chegada a hora de valorizarmos os potenciais naturais da fauna e flora dos diversos ecossistemas, para uso na área da medicina, da produção em Sistemas Agroflorestais, para investimento na agroecologia e inúmeros outros potenciais e iniciativas de desenvolvimento que são compatíveis com crescimento e desenvolvimento sustentável e conservação do meio ambiente. Os discursos do agronegócio para defender as monoculturas e o discurso dos governos para defender as grandes obras de infra-estrutura, mas sem respeitar a biodiversidade e as populações, estão ultrapassados por serem altamente excludentes, tanto do ponto de vista ambiental, como do econômico e social.

Este é o ponto mais importante a ser ressaltado quando falamos em desenvolvimento: que modelo queremos seguir? Se queremos seguir o modelo de desenvolvimento adotado e hegemônimco, onde predomina a devastação da Amazônia e Cerrado, a poluição dos rios, o extermínio de centenas de espécies e o desaparecimento de povos e culturas diversas, o caminho é este mesmo. Agora, se queremos que outras gerações possam continuar vivendo e usufruindo do que o planeta Terra dispõe hoje, políticos, dirigentes e a sociedade como um todo têm que rever a forma de pensar e de viver.

O desafio de conciliar desenvolvimento com sustentabilidade é uma vontade política, já que práticas, modelos e pesquisas que apontam caminhos da sustentabilidade já vêm sendo realizadas por universidades, organizações não-governamentais, movimentos sociais e até por alguns poucos governos. É necessário ousadia e clareza do caminho que estamos tomando e mais seriedade e determinação com nosso Estado, nosso país e nosso planeta. Pensar em um lugar, em que as futuras gerações possam viver com dignidade e qualidade de vida. Portanto, não adianta pensarmos em desenvolvimento se não pensarmos e ligarmos com o termo sustentabilidade. De que adianta o Brasil crescer se não há perspectiva de qualidade de vida, se não houver possibilidade de termos um futuro sustentável?

O Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD) juntamente com parceiros(as) vem executando o Projeto Mato Grosso Sustentável e Democrático (MTSD) que tem como objetivo promover o debate, estudo e análise, através de 11 Grupos de Trabalho (GTs) nos seus respectivos setores; sobre o atual modelo de desenvolvimento e construir bases de um modelo que considere a questão econômica, aspectos humanos, sociais, culturais e ambientais; um modelo que seja socialmente e economicamente justo, inclusivo e com qualidade de vida, ecologicamente correto, onde seja garantido um futuro para as próximas gerações: uma sociedade sustentável.

* André Alves e Jonia Fank são secretários-executivos do Formad, Vicente Puhl integra a coordenação do fórum

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