O uso de boas práticas para o manejo da castanha-do-Brasil, óleo de copaíba e látex é tema de uma oficina do Programa Integrado da Castanha – PIC, que acontece na Aldeia Pólo da Terra Indígena Zoró, em Aripuanã , até sexta-feira (09). O PIC, que incentiva o uso sustentável das florestas na região noroeste de Mato Grosso, envolve diversos parceiros governamenais, não-governamentais, agricultores familiares. O objetivo da oficina, além da capacitação dos beneficiários sobre o manejo, comercialização e certificação da castanha e outros produtos florestais não-madeireiros, é planejar as ações relacionadas às cadeias produtivas e a comercialização dos produtos.
A novidade deste evento é a expressiva representatividade dos povos indígenas do noroeste de Mato Grosso e sul de Rondônia, como os das etnias Arara, Gavião, Surui, Uruew wau wau, Cinta larga. A expectativa é que novas oportunidades de manejo surjam para esses povos, privilegiando o uso sustentável das florestas.
A capacitação é desenvolvida pela Associação do Povo Indígena Zoró – Pangyjej (APIZ). Conta com a parceria com o Projeto de Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste de Mato Grosso – SEMA PNUD BRA 00 G 31, O Programa de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia (PPIGRE) do Ministério do Desenvolvimento, entre outros.
Para promover o intercâmbio de experiências, instrutores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Acre), consultores do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e técnicos da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé coordenam essa atividade. Para fortalecer as ações estão sendo desenvolvidas parcerias com outras agencias com o Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, Programa Petrobras Ambiental, Michelin do Brasil entre outras.
“O PIC inaugurou uma nova forma de gestão de projetos em Terras Indígenas”, aponta Plácido Costa, técnico do projeto de Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável da Floresta no Noroeste de Mato Grosso, financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema). Para eleger a castanha-do-Brasil como produto estratégico a ser desenvolvido na região, fora realizado anteriormente um diagnóstico com os seis povos indígenas, distribuídos em 11 Terras Indígenas, e descobriu-se que a castanha era um produto cuja produção se dava na esfera familiar. Ou seja, cada família que participasse do projeto poderia ter autonomia da sua produção, possibilitando que cada família pudesse garantir sua renda.
Desde 2003 o PIC já conta com resultados iniciais, como a constituição dos coordenadores da castanha, que atuam como agentes multiplicadores locais, a estruturação do sistema de coleta; a seleção e armazenamento da castanha. Os barracões e mesas de seleção e secagem possuem capacidade de armazenamento de 400 toneladas. Paralelo a isso, o PIC apóia a produção de aproximadamente 200 toneladas anuais de castanha-do-Brasil.
Uma outra atividade do programa é a busca de novos parceiros, principalmente para suprir a pouca experiência das associações na gestão de mercados e a falta de agregação de valor dos produtos extrativistas. O desafio do projeto é incentivar a proposição de ações de gestão e ordenamento de atividades alternativas, como por exemplo o incentivo ao manejo florestal comunitário.