Gibran Lachowski – “Está na nossa frente e não vemos. Estamos envolvidos e não percebemos”. As duas frases acima podem sintetizar muitas situações nas quais nos encontramos e que nos cobram posicionamentos explícitos.
E foi assim que me senti nesta segunda (12): cego e insensível. Isso ocorreu num espaço social que pensava conhecer razoavelmente, a Assembléia Geral Ordinária do Formad (Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento, composto por movimentos sociais, sindicatos e ongs).
Apesar de entender pouco sobre as especificidades dos temas ambientais, tenho uma certa vivência nas discussões feitas por entidades, grupos e pessoas que questionam as oficialidades, os governos, o individualismo e materialismo exagerado das mentalidades capitalistas.
Quando cheguei as pessoas estavam fazendo análises de conjuntura acerca dos debates e ações referentes ao meio ambiente a partir das entidades que representavam. Não cheguei a falar nessa parte porque o Sindicato dos Jornalistas não integra o Formad e eu estava ali mais para ouvir e aprender. Contudo, fiquei matutando sobre o que falaria se tivesse essa incumbência.
Não me veio à cabeça uma conexão entre jornalismo e meio ambiente. Pode até parecer mente fechada. Mas quem diz que não é (risos)? Bom, a verdade é que só abri um pouco minha percepção quando ouvi a Marli Keller, do Sintep/MT (Sindicato dos Trabalhadores na Educação Pública).
Ela mostrou a relação entre educação e meio ambiente e explicou que ambiente não é só o verde, a ecologia, os rios e bichos, mas o todo, pois todas as coisas formam o ambiente. Abri um caminho na mente, mas ainda era estreito.
Só no intervalo para o café é que, conversando com o Vicente Puhl (da coordenação do Formad), alarguei o trieiro. Ele disse: “A comunicação é muito importante no debate sobre as questões ambientais. Esse espaço pode nos dar condições de responder rapidamente às investidas do agronegócio, governos e latifundiários…”.
Entendi o recado, enfim, mesmo tendo a comprovação que grande parte da mídia funciona como arena de disputa de projetos de sociedade, porém, com regras que privilegiam a concentração de renda, os cartéis, as versões oficiais…
Mas saí da assembléia do Formad com a lição de que nós, cidadãos, somos desafiados diariamente a perceber como é que as coisas se conectam, se rechaçam e, também, a fazer escolhas, tomar posições, mostrar a cara.
*** Gibran Lachowski, jornalista em Cuiabá, professor universitário e militante de movimentos sociais