Pagamentos por serviços ambientais ainda é uma realidade distante

ASSESSORIA – “Quando é que vai acontecer esse pagamento, quando esses recursos vão chegar?” Esta é uma das dúvidas de Luiz Vieira do Nascimento, mais conhecido como Luizão, que possui um lote no PA Nova Cotriguaçu, a 60 km da sede do município. Para ele, as pessoas têm pressa porque o desmatamento continua acontecendo na região e em outros estados brasileiros já existem experimentos em PSA.

Luizão é uma referência no Noroeste de Mato Grosso por ser um ativo defensor dos sistemas agroflorestais, produzindo em seu lote de 100 hectares mais de 80 espécies de plantas, sendo uma grande parte delas nativas. “Pra fazer o que eu fiz e o que eu tenho hoje eu passei dificuldade. Eu tenho renda do cacau, do café e da pupunha e tem uma renda dos arvoredos que tá crescendo que é uma faculdade para os meus filhos”, diz. “Estou contente e espero que mais companheiros façam o que estou fazendo. Já tem sete parceleiros que estão interessados e querem entrar nos SAFs também”, comemora.

Apesar dessa pressa e das condições favoráveis de Luizão e outros agricultores, organizadores e palestrantes da oficina tem sido bem cautelosos quanto a vinda desses recursos. A afirmação de Paulo Nunes, técnico do PNUD, é a de que é preciso entender melhor os mecanismos dos serviços ambientais tanto na parte técnica quanto política para que essas comunidades possam ter mais capacidade de argumentação quando forem negociar contratos desse porte.

Marcos Tito, um dos palestrantes da oficina e que faz parte do Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF), entidade com sede na África e que atua em vários países amazônicos argumenta que são questões complexas e que ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Como implementar um projeto de PSA (Pagamento de Serviços Ambientais) numa região em que os títulos de propriedades se sobrepõem? Como fazer valer um projeto em terras indígenas que historicamente conservam melhor seus recursos naturais?

Paulo Nunes vai além e explica que não é isso que vai dar lucro. “Não é só carbono que se tem na floresta, não é isso que vai dar lucro. Tem que somar com outras atividades produtivas que valorizam a floresta, como os SAFs”, finaliza.

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