Rede BR-163+Xingu se inspira em experiências positivas da agricultura familiar

 23/09/2006

Oswaldo Braga de Souza/ISA

 

De 14 a 18 de agosto, 35 pessoas, entre agricultores, técnicos, representantes dos projetos que compõem a Rede BR 163+Xingu, realizaram visitas de intercâmbio a projetos e iniciativas da agricultura familiar no norte do Mato Grosso com o objetivo de conhecer experiências que possam inspirar a execução dos projetos da rede. Ao final das visitas, o grupo avaliou que o intercâmbio é muito importante pois possibilita a construção de uma identidade para a rede, além de ajudar a enfrentar os desafios da implantação dos projetos a partir dos conhecimentos e do aprendizado com iniciativas similares.

As visitas tiveram início na Comunidade de Vila Atlântica, em Nova Santa Helena, no Condomínio dos Agricultores Ecológicos Santa Fé, da Cooperativa de Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia (Cooperagrepa), que trabalha com a produção de guaraná orgânico. Também foi visitada uma experiência de meliponicultura. Os agricultores do projeto Entrerios ficaram bastante estimulados com as experiências do guaraná e do mel já que elas podem ser adaptadas a regiões com dificuldade de escoamento da produção.

No segundo dia de visita, o grupo conheceu uma experiência de manejo ecológico de pastagem, em Guarantã do Norte. Os participantes da visita destacaram que o manejo contribui para amenizar o problema da cigarrinha e que é fundamental a observação constante da brotação do pasto para definir as técnicas empregadas. Na volta de Guarantã, o grupo visitou o Condomínio dos Agricultores Ecológicos Miraguaí, que trabalha com o sistema de criação do frango caipira. Foi interessante conhecer alternativas de ração que poderão ser adaptadas para a realidade de cada comunidade.

No terceiro dia de visita, os participantes realizaram uma visita à comunidade União, em Nova Guarita, onde está sendo executado, há mais ou menos um ano, um projeto PDA-Padeq pelo Instituto Centro de Vida (ICV). Foi discutido  o processo de organização da comunidade para iniciar uma nova forma de uso do solo a partir da percepção que os pastos estavam fracos e as nascentes degradadas. O grupo teve a oportunidade também de conhecer uma unidade demonstrativa do projeto, que está implantando o rodízio das pastagens, envolvendo a definição de áreas de lazer para o gado, o manejo da capoeira, a utilização de cerca elétrica e de cerca móvel.

Em Alta Floresta, o quarto dia da visita começou pela Chácara Esteio, onde o grupo conheceu uma propriedade bastante diversificada e que está se preparando para trabalhar com turismo rural. O grupo destacou que a sensibilização para a questão ambiental está relacionada com a necessidade de proteção das nascentes e matas ciliares e que pequenas iniciativas podem fazer diferença, como o simples isolamento das nascentes e da beira dos rios.

Na parte da tarde, foi visitada a Agroindústria de Beneficiamento de Cana-de-Açúcar Orgânica do Condomínio Agrosul, da Cooperagrepa. Conheceu-se a história do grupo, o sistema de produção da cana e os derivados produzidos (açúcar mascavo, melado e rapadura). Os participantes da visita destacaram a força de vontade dos agricultores que se organizaram sem esperar a iniciativa governamental. Além disso, discutiu-se a estratégia para atuar no mercado municipal a partir da experiência da venda da rapadura para a merenda escolar.

No ultimo dia viagem, foi a vez de visitar as comunidades de Carlinda. Elas estão se organizando com a assessoria do Instituto Ouro Verde (IOV) e já realizaram uma série de iniciativas comunitárias, como a implantação de refrigeradores comunitários, venda conjunta do leite e compra de um caminhão. O processo trouxe benefícios direitos, como aumento da renda com a venda do leite. Os participantes avaliaram que a forma de trabalhar foi o grande diferencial, pois está baseada na reflexão dos agricultores, na priorização de estratégias de melhoria de vida e na execução de pequenos projetos em conjunto.

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