A 1ª Conferência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) termina nesta quinta-feira (26) em Brasília, com as votações do texto base em plenário.
O evento teve início na segunda-feira (23) e após três dias de discussão nos grupos foram elaboradas diversas propostas de estratégias, diretrizes e prioridades para o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater).
Delegados de diferentes segmentos interessados, como assentados da reforma agrária, povos indígenas e quilombolas e representantes de diversas populações tradicionais participaram ativamente das discussões que nortearão as novas políticas públicas na área. Divididas em cinco eixos – Ater para o desenvolvimento rural sustentável; Ater para a diversidade da agricultura familiar e a redução das desigualdades; Ater e políticas públicas; Gestão, financiamento, demanda e oferta de serviços de Ater e Metodologias e abordagens de extensão rural.– as temáticas foram hoje para o plenário para a consolidação do texto final.
De acordo com a professora de técnicas agrícolas do Instituto Federal do Amazonas, Aline Luciana Rodrigues, o debate foi bastante democrático durante a Conferência. “Houve a participação de diferentes povos e nós da Amazônia tivemos muitas vitórias, pois os participantes entenderam a peculiaridade da região e a necessidade de haver novos mecanimos para facilitar o acesso de técnicos de Ater à população dessa região”, destacou.
Participante do eixo cinco, que abordava as metodologias da assistência, a professora lembrou que foram elaboradas boas propostas para a Amazônia, como a formação de técnicos indígenas e ribeirinhos que possam atuar com propriedade em seus locais, a questão da junção entre o conhecimento técnico-científico com o conhecimento tradicional local, a importância de se conhecer as especificidades de produção na região e a implementação de assisntência técnica à distância, devido à dificuldade de logística.
Propostas nos eixos
Foram criadas 312 propostas no total, sendo que 25 não foram consensuadas e seriam decididas em plenário. Num apanhado geral, as propostas abordaram assuntos de grande importância, como a garantia de qualidade e quantidade de técnicos de Ater que se articulem com as especificidades etnicas e a multifuncionalidade da agricultura familiar e seu público.
Outros pontos de destaque foram: a definição da agroecologia como ciência na construção de estratégias de Ater, o fomento da produção sem agrotóxicos e de alimentos saudáveis, o reconhecimento da importância e do papel da mulher no meio rural, promoção de manejo florestal comunitário e ater para populações de entorno de unidades de conservação, ações específicas de ater para povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, entre outros.
Segundo o novo vice-presidente do GTA, Nilfo Wandscheer, esta conferência traz inovações que vêm acrescentar o conhecimento. “Essa é a primeira conferência de Ater que chama quilombolas, indígenas, extrativistas e outros setores da sociedade para discutir um modelo de assistência técnica para agricultura familiar. O texto base que está sendo discutido nos grupos, com bastante debate, só acrescenta em nosso conhecimento, pois esse é o modelo de assistência técnica que nós queremos que chegue de fato no campo e na floresta. Ele vem atender essa deficiência do desenvolvimento na produção de alimentos e na segurança e soberania alimentar. É interessante que discutamos com os delegados de vários lugares do Brasil as várias propostas colocadas, pois cada região do país traz sua especificidade”, afirmou Nilfo.
Já o diretor tesoureiro do GTA, Aladim Alfaia, ressaltou a importância do evento, mas também fez algumas ressalvas. “O evento está sendo importante para a sociedade civil e trabalhadores da agricultura, mas faço uma crítica para as propostas muito vagas em relação ao setor pesqueiro”, lembrou. Mas Alfaia lembrou que no que tange a questão da floresta e da agricultura familiar, a 1º Conferência de Ater é muito válida. “Acredito que com as medidas tomadas a partir daqui o governo terá base suficiente para garantir assistência técnica e extensão rural para a agricultura familiar e o extrativismo, valorizando sua produção na floresta amazônica. Isso pode ajudar a garantir a sustentabilidade da floresta em pé”, destacou.
FONTE: ASCOM GTA