Com apoio do Projeto Berço das Águas, povo Myky retoma parcerias para extrair látex em MT.

A extração de látex de seringueira voltou a ser uma atividade potencialmente rentável ao povo Myky, no noroeste do Mato Grosso. A prática estava interrompida há cerca de 30 anos, quando os preços da borracha caíram. Mas agora os indígenas observaram que este é um momento favorável ao retorno mais intensivo da extração, e enxergam que o aproveitamento da seringa pode se tornar um importante aliado na luta pelo acesso ao seu território tradicional.

“Sabemos que toda cabeceira de rio tem muita seringa não explorada. Por isso nós lutamos pelo nosso território, e para que os fazendeiros não desmatem tudo. Usamos a seringa para vender e comprar outros materiais dos quais precisamos. A borracha serve para as crianças aprenderem a fazer armadilha, pegarem passarinho. Meu filho pequeno já está riscando, brincando, eles riscam baixinho”, explica o indígena Jamanxi Myky, um dos cinco seringueiros da aldeia.
Desde o início do ano, os Myky vêm se reaproximando da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S/A (Empaer), do município de Brasnorte, e receberam kits de seringa para os mais envolvidos na atividade. O órgão cadastrou os coletores Myky e se colocou à disposição para assisti-los, podendo fornecer também materiais para o andamento da atividade, como a abertura e manutenção de estradas, picadas, a extração em si e a venda de CVP (cernambi virgem prensado).

Paralelamente a isto, os indígenas se engajaram no plantio de pelo menos 600 mudas de seringa em áreas de capoeira nas proximidades da aldeia Japuíra, onde vive a pequena população de 120 pessoas. Essas foram ações apoiadas pelo Projeto Berço das Águas, executado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) e patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental.

“Tiramos seringa há mais de 30 anos. Cada seringueiro maneja mais de 40 árvores, sempre esperando três dias para retornar ao mesmo local. Já tiramos 60 quilos”, diz Jamanxi. O projeto também tem dado suporte a articulações com possíveis compradores locais, inclusive outras associações indígenas da região, para fortalecer a economia do noroeste do Mato Grosso, enquanto alternativa ao desmatamento.

Projeto Berço das Águas

O quê: Projeto para elaborar planos de gestão territorial em terras indígenas do Noroeste de MT e fomentar cadeias produtivas de frutos nativos do Cerrado e da Amazônia para fins de geração de renda e sustentabilidade ambiental dos territórios.
Para quê: Apoiar a gestão territorial e a melhoria das condições de vida dos povos Manoki, Myky, Nambiquara/Sabanê.
Quando: 2011-2012
Quem: Operação Amazônia Nativa (OPAN), com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental
Onde: Terras Indígenas Myky e Manoki, no município de Brasnorte, Tirecatinga, no município de Sapezal e Pirineus de Souza, no município de Comodoro (MT).

OPAN
A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Atualmente suas equipes trabalham em parceria com povos indígenas do Amazonas e do Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e no fortalecimento das culturas indígenas.

FONTE: Andreia Fanzeres – Operação Amazônia Nativa – OPAN

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