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Resultados de pesquisa apontam a insustentabilidade da cana em Barra do Bugres

Estudos realizados pelo Formad apontam que a população local é diretamente atingida pelo monocultivo da cana-de-açúcar no município.

Debate sobre os impactos socioambientais no município – (FOTO: Caio B.O.B./FORMAD)

O Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (FORMAD) está realizando em Barra do Bugres um Encontro sobre o “Resultado dos estudos sobre os impactos socioambientais da cana e propostas de ações”. O evento começou na segunda e termina nesta terça-feira, 4. Estão participando das atividades lideranças indígenas, agricultores familiares, quilombolas, pescadores, estudantes e pesquisadores brasileiros e africanos. O encontro faz parte do projeto “Avaliação dos impactos socioambientais da produção de agrocombustíveis em Mato Grosso”, que está sendo executado pelo Formad no Estado.

Com o objetivo de apresentar os primeiros dados e informações coletadas durante as oficinas e as pesquisas de campo desenvolvidas nos meses de setembro e outubro, nas comunidades rurais e tradicionais de Barra do Bugres, o Encontro quer promover articulações e ações coletivas entre os grupos atingidos pela monocultura da cana-de-açúcar na região.

Barra do Bugres abrange proporcionalmente a maior área de cana plantada do estado, além de estar localizado na bacia do Alto Paraguai, área excluída pelo zoneamento da cana. A maior atividade agroindustrial é a produção de açúcar e agrocombustíveis feita pela Usina Barralcool, que está na região há quase 30 anos. Analisando como base os depoimentos e dados coletados junto às comunidades da região, pesquisadores descobriram que as ações da cadeia de produção da Usina são responsáveis por inúmeros impactos socioambientais.

participantes do Encontro “Resultado dos estudos sobre os impactos socioambientais da cana e propostas de ações” – (FOTO: Caio B.O.B/FORMAD)

Sustentabilidade certificada – para quem?
Hoje, por causa da globalização econômica, foram criados inúmeros padrões nacionais e internacionais para certificação de produtos alimentícios e bens de consumo que, supostamente, são produzidos de forma sustentável. A maioria desses padrões de certificação é desconhecida pelas populações locais, que também não têm uma participação ativa na avaliação e no monitoramento das atividades desenvolvidas pelo agronegócio na região.

Em contrapartida, o projeto em execução pelo Formad fez o inverso dos padrões de certificação global. As primeiras oficinas realizadas tinham como objetivo mensurar os critérios de sustentabilidades comunitários, que foram apontados pelas lideranças das comunidades rurais e tradicionais, identificados e analisados a partir da perspectiva de vida dos grupos atingidos.

Durante a coleta de dados foram identificados junto à população inúmeros casos de acidades e conflitos que são gerados em consequência ao modelo de mercado e produção que predomina na região. Entre os impactos socioambientais podem ser destacados a contaminação dos rios e da água potável, o que ocasiona doenças, inviabiliza a pesca das comunidades de pescadores e a agricultura familiar; aumento dos preços e falta de acesso à terra, que dificultam a regularização fundiária; falta de apoio para acessar os programas do governo por parte das comunidades indígenas, pescadores e agricultoras; falta emprego e alternativas de trabalhos para população e principalmente para ex-cortadores de cana na região; além da destruição dos padrões de culturais das populações tradicionais que têm laços estreitos com a natureza.

Projeto de avaliação dos agrocombustíveis em MT
Esses dados construídos comunitariamente ajudarão na produção de um relatório oficial e outros materiais que mostrarão que as monoculturas da cana-de-açúcar e da soja acarretam inúmeros problemas para a população daa regiões. Os dados também devem alertar as autoridades locais e internacionais para que possam agir de forma ativa no controle dos impactos.

O projeto tem como objetivo avaliar as certificações e os impactos gerados pela intensa demanda mundial por agrocombustíveis (biodiesel e etanol). As principais agromassas utilizadas na produção desses combustíveis são a cana-de-açúcar e a soja. Por isso os estudos do projeto focaram as regiões de Barra do Bugres (cana) e Lucas do Rio Verde (soja).

Os estudos também foram realizados em Lucas do Rio Verde, no monitoramento dos impactos socioambientais. Durante os dias 06 e 07 de dezembro o Encontro “Resultado dos estudos sobre os impactos socioambientais da soja e propostas de ações” será realizado no município e contará com participação dos grupos sociais atingidos pela da monocultura da soja.

Caio B.O.B. – jornalista do Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – FORMAD

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