Prefeitura de Cuiabá desobedece Anvisa e aplica agrotóxicos na cidade

Desde que o jardim do agronegócio foi implantado na Avenida das Torres, a prefeitura de Cuiabá tem adotado o que se chama de “capina química”. Isso quer dizer que ao invés de cortadores de grama nos canteiros centrais, aplicam-se os agrotóxicos dessecantes sobre a vegetação para que ela não cresça.

A reportagem é de Augusto Pereira, publicado no blog Geofilia dia 26/06/2014

As imagens feitas com um celular nesta quinta-feira, 26 de junho mostram a prática condenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quando um agricultor decide aderir ao pacote tecnológico do agronegócio ele compra tudo que está incluído: sementes, máquinas, financiamentos, adubos químicos e inevitavelmente os agrotóxicos. Recentemente a prefeitura de Cuiabá decidiu fazer um jardim, no canteiro central da Avenida das Torres, que fosse uma referência à pujança das lavouras que se espalham pelo estado. Nesse jardim estão plantados soja, milho e algodão. Como podemos ver nessas fotos, a jardinagem também trouxe os agrotóxicos pulverizados dentro da cidade.

Além disso, os trabalhadores não estão com equipamento de proteção individual (EPI) completo para evitar a própria contaminação. Em condições de trabalho inadequadas eles estão sujeitos a intoxicações agudas, que podem causar asfixia, náusea com vômito e dor de cabeça. A intoxicação crônica é a decorrente da assimilação contínua dos venenos. As crônicas são a possível causa do alto número de casos de câncer registrados no estado de Mato Grosso, como indica a pesquisa do médico Wanderley Pignati, pesquisador da UFMT.

Nas cidades polo de desenvolvimento agroindustrial foram registradas concentrações de agrotóxicos mais altas do que é aceito pela Anvisa. Em Lucas do Rio Verde e Sorriso foi detectada a presença de agroquímicos em poços artesianos e no leite materno.

Mas como pode a prefeitura da capital estar desavisada ou ignorar recomendações da Anvisa? O custo da contenção do capim é muito menor com os agrotóxicos e utiliza menos funcionários, reduzindo o custo de mão-de-obra. Vale a pena fazer essa economia bem perto do rio Coxipó? Além de ficarem no ar e no solo, é para o rio que os resíduos devem correr na primeira chuva que cair.

Fonte: blog Geofilia
Postado em 27/06/2014

Compartilhar Notícia

Últimas Notícias