O Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Formad, vem a público manifestar seu profundo pesar quanto à assinatura do Acordo entre o Mercado Europeu e os produtores de soja de Mato Grosso. Nossa contrariedade se baseia em princípios basilares:
- Não há nenhum indicador confiável, sequer razoável, que demonstre a sustentabilidade da soja mato-grossense em nenhum dos três pilares do desenvolvimento sustentável (ecologia, sociedade e economia), notadamente quando a monocultura do estado:
- Contamina solo, água e flora apresentando índices irracionais do uso de agrotóxicos, ferindo de morte adimensão ecológica;
- A Bacia do Rio Paraguai já se encontra comprometida em função do lançamento de agrotóxicos e desmatamento, assoreando as cabeceiras dos rios tributários do pantanal.
- Esta contaminação tem consequências largamente estudadas e denunciadas por pesquisadores de renome nacional e internacional, onde se apresentam contaminações do leite materno, inclusive, com consequências negativas para a dimensão socioambiental:
- O estado de Mato Grosso é o campeão no uso de agrotóxicos: cada brasileiro consome em média 5,2 litros de agrotóxicos. Em Mato Grosso este número é de 40 litros por pessoa.
- As pesquisas sobre saúde indicam que a Bacia do Alto Paraguai (BAP) tem sofrido intensa contaminação por 2,4-D;
- Em 2016 o Instituto Nacional do Câncer se posicionou contrariamente às práticas atuais de utilização de agrotóxicos, pois a exposição crônica a agrotóxicos está ligada a infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imune e câncer;
- A manutenção tecnificada de larga escala do agronegócio não é capaz de gerar empregosna proporção de sua propalada contribuição na balança comercial;
- Além de ser dependente de agrotóxicos não sobreviveria sem os atuais subsídios governamentais;
- Em 2016 foram 14,3 bilhões de reais em crédito rural, o que revela fragilidade comercial e baixa sustentabilidade econômica numa perspectiva internacional;
- Apenas no primeiro semestre de 2017 já somam 8,6 bilhões de reais.
- Gera concentração fundiária e de renda impactando negativamente a dimensão econômica e social. Veja-se que 70% o território mato-grossense pertence a 10% dos proprietários rurais:
- Pior ainda! Destes 11 mil proprietários, 300 famílias dominam o mercado;
- São mais de 9 milhões de hectares de plantio de soja com alta demanda energética para secagem dos grãos;
- Demanda por modais de transporte que oneram o Estado, populações e os ecossistemas locais.
Sendo assim, questionamos frontalmente: baseados em quais metodologias e a partir de quais indicadores a União Europeia é capaz de afirmar categoricamente que o agronegócio mato-grossense é sustentável? Se as pessoas da União Europeia não são expostas à carga de agrotóxicos porque nós devemos ser? Portanto, o que há de sustentável nesta relação?
PARA SABER MAIS ACESSE:
http://www.formad.org.br/agrotoxicos-e-saude
https://www.abrasco.org.br/site/noticias/movimentos-sociais/consulta_agrotoxico24d_anvisa/18427/
http://www.imea.com.br/upload/pdf/arquivos/AgroMT_Outlook_2022.pdf