Agência FAPESP – A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acaba de lançar uma cartilha com um resumo das ações agropecuárias e florestais que tem realizado nos seis principais biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa.
O objetivo de A Embrapa nos biomas brasileiros é chamar a atenção de pesquisadores e agricultores de todo o país para a oferta de instrumentos técnicos capazes de permitir o manejo sustentável dos biomas, levando em conta as peculiaridades de cada região.
Segundo Felipe Ribeiro, assessor da diretoria executiva da Embrapa, a publicação foi dividida em três principais linhas de pesquisa: ordenamento, monitoramento e gestão em territórios; manejo e valorização dos biomas; e produção agropecuária e florestal sustentável em áreas alteradas.
“A cartilha traz resultados de estudos nesses três eixos realizados pelas 41 unidades da Embrapa”, disse Ribeiro à Agência FAPESP. Segundo ele, além de caracterizar cada um dos biomas com dados sobre importância ecológica e desmatamento, outro objetivo é apresentar propostas de novas intervenções que necessitem de ações conjuntas para serem realizadas.
“Queremos mostrar que, apesar de todas as unidades da Embrapa estarem envolvidas com o assunto, a gestão dos recursos naturais não deve ser concentrada em uma única instituição. Essa é uma questão que depende de uma visão integrada em termos de responsabilidade social, econômica e ambiental. E entender qual é o papel da ação humana na agricultura e no desequilíbrio ambiental do planeta é a principal preocupação ao se lançar publicações dessa natureza”, afirmou Ribeiro.
Alternativas sustentáveis
Ribeiro lembra que somente uma parcela de 2,5% do Cerrado, o segundo maior bioma do país, está protegida por unidades de conservação, o que é insuficiente para a preservação da sua biodiversidade. A cartilha mostra que o uso sustentável da flora nativa pela população local tem sido uma das únicas alternativas concretas para a preservação do bioma. Das quase 12 mil espécies de plantas registradas no Cerrado, pelo menos 200 contam com algum potencial econômico.
“O uso da técnica de ‘Cerrado em pé’, ou seja, a retirada extrativa de espécies nativas para o manejo em outros ambientes, tem permitido a utilização sustentável das plantas no mercado de oferta de produtos pela população”, explicou Ribeiro.
“O Cerrado é um imenso pomar natural com várias espécies de alto potencial econômico e uma vantagem importante: a maior parte delas ainda não tem competidores internacionais, como o pequi [Caryocar brasiliense] e a castanha-do-brasil [Bertholletia excelsa]”, disse.
A cartilha detalha ainda a fauna do Cerrado, região com 199 espécies de mamíferos, 837 de aves, 180 de répteis, 150 de anfíbios, 1,2 mil de peixes e 67 mil espécies de invertebrados. Outro destaque da publicação é, como não poderia deixar de ser, a Amazônia.
Cerca de 18% do maior bioma brasileiro, que ocupa um terço da área do país, já foi desmatado, sendo a pecuária, plantios de grãos, agricultura familiar e exploração madeireira as principais fontes de alteração da vegetação natural.
A Embrapa atua na Amazônia por meio de seis centros regionais localizados. A publicação mostra que grande parte das áreas inalteradas da região tem elevado potencial para adoção de práticas de manejo florestal de produtos madeireiros e não madeireiros, enquanto para as áreas já desmatadas existe uma série de alternativas sustentáveis, com destaque para o plantio de culturas alimentícias como mandioca, arroz, milho e hortaliças.
“Mas, para que isso ocorra de maneira sustentável, a importância das tecnologias que permitem o aumento da produção em sincronia com a preservação dos recursos naturais deve ser incorporada na mentalidade dos produtores brasileiros”, ressalta Ribeiro.
Dois mil exemplares da publicação foram impressos e serão distribuídos a produtores, institutos de ensino e pesquisa e bibliotecas. O conteúdo também pode ser consultado na íntegra, gratuitamente, pelo site da Embrapa, no link “publicações, linha institucional”.
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