Ambientalistas ligados a 25 entidades de Cáceres fizeram uma manifestação hoje (01) na Assembléia Legislativa reivindicando a permanência do Batalhão Ambiental da Polícia Militar. Com faixas, cartazes e distribuindo uma carta aberta, os manifestantes aproveitaram a sessão de posse dos deputados estaduais para chamar a atenção dos parlamentares, prefeitos e representantes da sociedade presentes.
“Estamos dizendo não à extinção da Polícia Ambiental, porque o meio ambiente em Mato Grosso já está todo fragilizado”, destacou Vanda dos Santos, do Fórum de Luta das Entidades de Classe – FLEC. “Esta é a segunda vez que o governo tenta acabar com o batalhão e desta vez conseguiu”, disse. Vanda lembrou também que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso também quer a permanência do batalhão por ser fiscalizador e preventivo. “Precisamos de uma polícia ambiental qualificada, fortalecida e independente”, completou.
“Pegaram a gente de surpresa. E o que a gente vê é o governador querendo ficar livre de quem tem compromisso com a natureza”, comentou Izidoro Salomão, do FLEC. Para Salomão, a única forma de reverter a decisão do governo é pela mobilização da sociedade. Ele destacou que a população de Cáceres está mobilizada para participar de manifestações. Os movimentos sociais do município estão propondo uma audiência pública para debater o papel da polícia ambiental.
Leia a Carta Aberta contra a extinção do Batalhão Ambiental na íntegra
Carta Aberta
Os cidadãos cacerences que abaixo subscrevem, demonstrando sua preocupação com a prevenção de um desenvolvimento sustentável em Mato Grosso vem a público manifestar os seguintes pontos:
– Em reunião realizada no último dia 18/01/2007 no Salão da Comunidade Mártires da Caminhada, bairro Jardim do Trevo, em Cáceres, discutimos as ações do Comando Geral da Polícia Militar do Estado no que se refere a extinção da Polícia Ambiental. Ressaltamos que a discussão nos deixou bastantes inquietos sobre as intenções do governo do estado no que se refere a Política Ambiental.
– Ponderamos que num momento em que todo o mundo discute a interferência humana no meio ambiente e que sendo o Mato Grosso uma das vitrines ambientais do mundo, com a maior planície alagada do mundo, três ecossistemas e com toda a sua biodiversidade, não podemos dar um passo atrás, extinguindo Política Ambiental. Ao contrário, temos que fortalecer as instituições que promovem e defendem o meio ambiente.
– Acreditamos que o contrário do que está sendo feito, o Governo do Estado deveria intensificar, ampliar e valorizar a Polícia Ambiental.
– Uma das alegações para a extinção da Polícia Ambiental é a necessidade do reforço na Segurança Pública. Concordamos que a Segurança Pública necessita de ações urgentes e enérgicas para o combate da criminalidade das nossas cidades, no entanto, não poderemos “cobrir um santo e destapar o outro”, pois ao nosso ver é justamente isso que o Comando Geral está fazendo.
– Não podemos concordar com o discurso de que ao juntar os batalhões o policiamento ambiental será favorecido, uma vez que com sua inúmeras atribuições dificilmente alguém conseguiria dar a atenção necessária a questão ambiental
Acreditamos que é necessária sim uma Polícia que pense integralmente sobre o meio ambiente, e ainda mais, acreditamos que assim como o Corpo de Bombeiros tem a sua gestão descentralizada, poderia ser dada esta autonomia aos batalhões ambientais, para que junto com os órgãos responsáveis (IBAMA e SEMA) e com parcerias com ONGS e sociedade civil organizada, pudessem definir as melhores formas de atuação para a proteção do meio ambiente.
Diante deste fato, estamos indignados com a atitude do Comando Geral da PM e solicitamos que seja feita uma audiência pública para a discussão de tão relevante tema.
Comissão Representativa das Entidades em Defesa do Meio Ambiente no Pantanal