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Modelos de desenvolvimento são temas de oficina do GTA-MT

Regional Mato Grosso do Grupo de Trabalho Amazônico se reuniu com representantes de ongs, movimentos sociais e sindicato de trabalhadores para debater o desenvolvimento sustentável na BR-163

As diferenças entre os modelos de desenvolvimento e suas relações na execução do Plano Br-163 Sustentável foram debatidas numa oficina realizada pelo Grupo de Trabalho Amazônico – GTA, regional Mato Grosso, entre os dias 25 e 27 de junho, em Chapada dos Guimarães. O evento, que contou com a participação de trinta lideranças de ongs, movimentos sociais e sindicatos de trabalhadores que atuam na área de influência da rodovia entre Cuiabá e o município de Nova Mutum, faz parte do Projeto de Fortalecimento da Participação Social no Plano da BR-163, desenvolvido pelo GTA a partir do Consórcio pelo Desenvolvimento Socioambiental (Condessa).

Durante três dias os participantes debateram sobre como o modelo de desenvolvimento adotado na região pode causar menos benefícios do que se fossem adotadas formas mais sustentáveis de produção. Para ilustrar os impactos foram apresentados diagnósticos da agricultura, mineração, recursos hídricos e Terras Indígenas. Os palestrantes apresentaram seus dados a partir da publicação Mato Grosso Sustentável e Democrático, lançado este ano pelo Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – Formad.

Vicente Puhl, coordenador do Formad, apresentou dados que comprovaram como o agronegócio não é sustentável ambiental, social ou economicamente. Puhl citou o caso do município de Sorriso (a 418 km de Cuiabá), que é o maior produtor de soja do Brasil e tem um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais altos de Mato Grosso mas sua riqueza é concentrada nas mãos de algumas poucas famílias. “A diferença da renda entre os 10% mais ricos e os 20% mais pobres ultrapassa 3.600%”, afirmou.

Para Puhl, é necessário que se busque na agricultura sustentável a inclusão social e o usufruto da terra com os menores impactos possíveis. “Não defendemos um retrocesso tecnológico, mas valorizar os sabres tradicionais na forma de lidar com a terra”, explicou. “Precisamos cobrar apoio dos governos para implantar produções agroecológicas”, complementou.

Durante a oficina, também foram apresentadas algumas possibilidades de financiamento para a produção sustentável, como o Programa Nacional de Agricultura Familiar – PRONAF, que possui a carteira Agroecológica e Florestal e o MT Floresta, um fundo estadual que irá apoiar o reflorestamento e recuperação de áreas degradadas em Mato Grosso. Deroní Mendes, secretaria-executiva do GTA, apresentou o Programa de Comunidades Tradicionais do Ministério de Meio Ambiente, pelo qual a entidade é uma das agências implementadoras, ajudando pequenos produtores obterem doações do governo federal para capacitação, fortalecimento institucional e beneficiamento da produção.

Claudimar Barbacovi, do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Diamantino avaliou que as oficinas realizadas pelo GTA é uma forma de agregar forças para toda a comunidade. “Estamos adquirindo conhecimento e formando forças para lutar pelo o que estamos propondo”, avaliou.

Sobre o GTA
O Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), fundado em 1992, reúne 602 entidades filiadas e está estruturado em nove estados da Amazônia Legal e dividido em dezoito coletivos regionais. Fazem parte da Rede GTA organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais que representam seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco babaçu, pescadores artesanais, ribeirinhos, comunidades indígenas, agricultores familiares, quilombolas, mulheres, jovens, rádios comunitárias, organizações de assessoria técnica, de direitos humanos e de meio ambiente. Em Mato Grosso são duas regionais. Uma em Cuiabá e outra em Lucas do Rio Verde.

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