MMA – Uma comissão interministerial esteve ontem (30) na região do município de Marcelândia, no Mato Grosso, e constatou a grande extensão do desmatamento na área. Ao governador Blairo Maggi e prefeitos de municípios do estado, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu apoio para implementação das medidas previstas no decreto presidencial assinado em dezembro passado com ações mais rígidas de combate ao desmatamento.
A ministra acertou que o governo do Estado, Ministério do Meio Ambiente e Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpe) irão checar os dados divulgados recentemente e que indicam tendência de aumento nas áreas desmatadas. Marina Silva deixou claro, no entanto, que isso não significará uma revisão da lista dos 36 municípios selecionados na Amazônia como prioritários para ações mais rígidas para combater o desmate ilegal na região.
Os municípios foram selecionados com base em três indicadores: total desmatado desde o início do monitoramento, total desmatado nos últimos três anos e aumento da taxa de desmatamento em pelo menos três vezes nos últimos cinco anos (consecutivas ou não).
O grupo acompanhou a situação em nove áreas na região de Marcelândia, município que apresentou o maior número de ocorrências de desmatamento acima de 100 hectares no ano passado. As áreas, selecionadas pelo INPE, foram desmatadas no segundo semestre de 2007, entre os meses de novembro e dezembro. “Infelizmente, a situação é preocupante, mas vamos agir com urgência e temos a convicção de que é possível vencer esta guerra nos próximos seis meses e fechar 2008 com índice de queda”, afirmou Marina Silva.
Marina Silva fez um apelo aos produtores para assumam o compromisso de não cortar mais nenhuma árvore da região. Ela lembrou que o Mato Grosso fez um esforço grande nos últimos três anos e conseguiu sair do título de maior devastador da Amazônia para uma redução de 72% nos cortes, acrescentando que o estado não pode retroceder.
Em Brasília, a ministra destacou que existe uma dinâmica econômica na região, uma disputa para converter recursos naturais, no caso a floresta, em atividades econômicas e que isso não pode, em hipótese nenhuma, ser olvidada. “Mas trabalhamos com as ferramentas para compatibilizar as ações de comando e controle com ações de desenvovimento sustentável”, acrescentou. A responsabilidade de trabalhar as ações de comando e controle, destacou, é para que não se tenha uma situação de fato consumado, que é o que acontecia até 2003.
Na época, a averiguação dos dados se dava no ano inteiro e quando era anunciada a taxa, em agosto, já não se podia fazer mais nada. Hoje, o MMA trabalha com a idéia de fazer a prevenção para que se possa interferir na dinâmica. Marina destacou ainda, que não irá ficar discutindo se o desmatamento está aumentando ou não. “Os indícios são fortes, desmatamentos consolidados de grande dimensão foram constatados e vamos agir com sentido de urgência como agimos nos anos anteriores”, afirmou, acrescentando que neste ano o rigor será ainda maior.
A ministra destacou também que existem vetores combinados na região. “Nós observamos hoje um processo de exploração predatória de madeira, uma primeira frente. Depois são feitas queimadas, com certeza criminosas, utilizando toda a matéria orgânica para a retirada do corte seletivo de madeira. Em seguida, essas áreas são submetidas à derrubada e com as derrubadas vêm as pastagens. E depois outra forma de ocupação”.
Além da ministra, integraram a comitiva os chefes das pastas do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel e da Justiça, Tarso Genro, o ministro interino da Defesa, Enzo Martins e o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Ribeiro e o secretário-executivo do MMA, João paulo Capobianco, além de autoridades do Inpe, Ibama, Casa Civil, Polícia Federal e Incra.