A Gazeta – Dados do recente e mais detalhado relatório sobre desmatamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que se reportam a maio, mostram que houve redução de 19% em Mato Grosso em relação a abril deste ano. Mesmo assim, continua à frente em questão de desmatamento em toda a Amazônia Legal. A ligeira queda já havia sido apontada em junho pela ONG Imazon, por meio de seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Mesmo assim, os números mato-grossenses ainda preocupam. Nos nove estados amazônicos, o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) apontou um total de 1.096 km2 de perda de florestas, o equivalente ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Desse número, Mato Grosso detém quase 60% com 646 km2 de derrubada contra os 794 km2 que apresentou no mês anterior.
O número se refere em toda a região a um percentual de corte raso (retirada total de árvores) de 59,5% e de degradação progressiva em 28,8%. O relatório aponta que no período 46% da região amazônia esteve coberta por nuvens. Menos o território mato-grossense, que apresentou 0% de área encoberta.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Luís Henrique Daldegan, disse que o Governo Estadual está satisfeito com os dados apresentados agora. E justificou o alto número de desmates em relação aos demais estados pelo fato de as nuvens terem impedido uma real detecção do satélite em outras localidades.
Na opinião do secretário-executivo do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), André Alves, pairam dúvidas sobre a independência e transparência do Inpe no adiamento das informações do desmatamento no mês de maio.
A desculpa de que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, queria ver os dados antes e a qualificação do desmatamento (corte raso e degradação ambiental) não soa suficientemente eficaz aos ouvidos dos ambientalistas. “Ainda mais que este desmembramento era uma das principais críticas do governo de Mato Grosso em relação ao Inpe e ao Deter. Críticas essas que não existiam quando antes de dezembro de 2007 os números eram sempre favoráveis a Mato Grosso, como se vê novamente agora”, disse Alves.
Para ele, se o Inpe quer qualificar seus dados, algo desejável e legítimo, deveria identificar quais são os municípios que mais desmataram no período e qual a porcentagem é legal e ilegal. “Agora, o Estado de Mato Grosso, que tem por obrigação a fiscalização e a punição de quem desmata ilegalmente, o que está fazendo, fora contestar os números do Inpe quando são negativos?”