RTS – Mobilizadas pela RTS, mais de dez Tecnologias Sociais (TSs) vão integrar uma mostra a ser realizada durante a VII Expo Brasil Desenvolvimento Local, palco do maior intercâmbio internacional de experiências sobre desenvolvimento local como estratégia de inclusão e transformação social. Cerca de 5 mil pessoas de todo o Brasil e do exterior participarão da sétima edição do evento, que este ano contará com a presença de outros 13 países (Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Costa Rica, Cabo Verde, Estados Unidos, Nicarágua, Peru, Paraguai, Portugal e Uruguai). O encontro será realizado entre os dias 12 e 14 de novembro, em Cuiabá (MT).
Na ocasião, serão apresentadas as seguintes experiências:
– Aproveitamento total do coco babaçu
– Captação de água da chuva para consumo e produção
– Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais)
– Ensino de matemática para deficientes visuais
– Sanitário compostável Húmus Sapiens
– Técnica de cosntrução superadobe
– Aquecimento solar de baixo custo para água (ASBC)
– Fogão Ecoeficiente
– H2sol – Hidroponia e energias alternativas
– Redes de reciclagem
– Barraginhas para contenção de enxurrada
Conheça, a seguir, um pouco mais de cada uma destas Tecnologias Sociais:
Aproveitamento total do coco babaçu – Os maquinários de aproveitamento total do coco babaçu foram concebidos através do Núcleo de Tecnologia Social da Fundação de Formação, Pesquisa e Difusão Tecnológica para uma Convivência Sustentável com o Semi-Árido (Fundação Mussambê). Os maquinários possuem elevado rendimento produtivo, baixo custo de manutenção e são de fácil manuseio. Permitem, além da produção do óleo, o aproveitamento de subprodutos para a obtenção de carvão, torta para ração animal, artesanato, substrato etc.
Captação de água da chuva para consumo e produção – A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) coordena a reaplicação de várias experiências relevantes de captação de água de chuva para consumo e produção, desenvolvidas no Semi-Árido por agricultores/as familiares no âmbito do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Para a mostra que será apresentada durante a sétima edição da Expo Brasil, será possível conhecer a experiências da cisterna calçadão, sistema de captação de água de chuva destinada à produção de hortaliças e pequenas animais.
Barraginhas – Com o objetivo de recuperar áreas degradadas pelo escorrimento das águas de chuvas sobre solos compactados, a Embrapa Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), desenvolveu a Tecnologia Social que consiste na construção de barraginhas contentoras de enxurradas. Trata-se de pequenos açudes que, além de proporcionar melhores condições para as famílias do meio rural, diminuem os danos ambientais, principalmente a erosão e o assoreamento. Esse sistema força a recarga das reservas subterrâneas e armazena água de boa qualidade no solo, por meio da infiltração ocorrida durante o ciclo chuvoso.
Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) – O sistema Pais é montado em torno de um sistema de anéis, cada um destinado a uma determinada cultura, que complementa a que vem a seguir. O centro do sistema de agricultura familiar ecológica é utilizado para a criação de pequenos animais, como galinhas caipiras e patos. O esterco produzido pelas aves é utilizado para adubar a horta. O sistema começou a ser testado em 1999, na região serrana de Petrópolis/RJ, com uma família de pequenos produtores e produtoras. O Sistema Pais está sendo reaplicado em diversas regiões do país, por meio de uma parceria entre Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração Nacional. A implementação do Pais possibilita, ao produtor rural, uma renda mensal de R$ 400, em média.
Ensino de matemática para deficientes visuais – O ensino de matemática para deficientes visuais, desenvolvido pela Fundação para Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Cascavel/PR, utiliza um instrumento batizado de Multiplano, por meio do qual é possível reproduzir, de forma concreta, o mesmo algoritmo que o/a aluno/a dotado/a de visão utiliza no seu caderno para a realização de operações matemáticas. O projeto se baseia em um kit contendo livro didático e CD-ROM explicativo. As avaliações feitas em Cascavel, com deficientes visuais, constataram a compreensão, por parte de todos/as, dos conceitos matemáticos e de seu caráter lógico.
Sanitário compostável Húmus Sapiens – O sanitário compostável Húmus Sapiens foi desenvolvido pelo Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado – Ecocentro Ipec. É um sistema integrado de aproveitamento dos dejetos humanos constituído de sanitários compostáveis e um minhocário. Nos sanitários, os dejetos são lançados diretamente em câmaras de compostagem, sem o uso de água para a descarga. Esse composto é levado posteriormente para um minhocário onde é produzido o húmus, um adubo orgânico excelente para a agricultura. Assim, o Húmus Sapiens fecha o ciclo da natureza sem agredir o meio ambiente, poupando anualmente milhares de litros de água tratada.
Redes de reciclagem – Metodologia de incubação de redes de cooperativas de catadores de materiais recicláveis passível de reaplicação em escala na periferia de grandes centros urbanos. O objetivo da prática é estabelecer uma relação comercial direta das cooperativas com a indústria recicladora, eliminando a figura dos intermediários a partir da estruturação de sistemas integrados de logística, padronização, capacitação e comercialização em rede, entre outros.
H2sol – Em parceria com instituições nacionais e internacionais, o Instituto Eco-Engenho concebeu e vem implementando o Programa H2SOL – Água Solar, que trabalha na instalação de microssistemas produtivos de irrigação para produtos de alto valor agregado, com uso de energia renovável e tecnologias adequadas em comunidades remotas do semi-árido do Nordeste do Brasil. Baseada na hidroponia, sistema de cultivo sem contato com o solo que usa canaletas por onde a água circula continuamente com pequena perda pela evaporação, a produção de pimentas beneficia diretamente 11 das cerca de 40 famílias de Baixas, uma das mais pobres do município de São José da Tapera, a 210 quilômetros de Maceió (AL).
Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC) – Projeto gratuito de um aquecedor solar de água, de 200 a 1.000 litros, desenvolvido pela Ong Sociedade do Sol a partir de componentes hidráulicos de PVC encontrados em lojas de construção. Os custos de instalação variam de R$ 250 a R$ 400, – cerca de 10% do valor de similares encontrados no mercado – e pode ser inteiramente pago em até nove meses considerando uma economia média anual de R$ 388 na conta de luz para uma família de cinco pessoas. A idéia básica do aquecedor solar é a de pré-aquecer a água para que sistemas térmicos assumam a função de calibradores da temperatura.
Técnica de construção superadobe – Difundida pelo IPEC, utiliza sacos de polipropileno preenchidos com subsolo do próprio local. É relativamente simples e de fácil aprendizado, com custos baixíssimos por não depender de recursos externos nos principais estágios da construção. As habitações construídas com essa técnica têm a característica de manterem níveis de temperatura e umidade constantes, sendo a terra um isolante natural.
Fogão Ecoeficiente – Modelos avançados dos tradicionais fogões, criados para queimar menos lenha e livrar o ambiente doméstico da fumaça. Com estes novos fogões, as famílias beneficiadas sofrem menos com doenças respiratórias, oftalmológicas e queimaduras. A redução de até 60% do consumo de lenha também ajuda a diminuir a destruição das matas. Entre outras instituições, a TS é difundida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis (IDER), sediado em Fortaleza (CE).
Expo Brasil
A Expo Brasil, que teve sua primeira edição em Brasília, em 2002, volta a acontecer na região Centro-Oeste depois de seis anos. Além de reunir palestras, painéis temáticos e debates, também haverá apresentação de experiências, oficinas, minicursos, um circuito de TV ao vivo e uma ampla feira de produtos sustentáveis.
A programação está norteada em quatro eixos temáticos principais, que se entrelaçam: Governança democrática, que envolve as redes sociais, a democracia participativa e os mecanismos inovadores de gestão compartilhada nos territórios (fóruns, conselhos, consórcios, pactos, agências); Inclusão produtiva, que engloba novas dinâmicas econômicas de base territorial e sistemas integrados de fomento (economia solidária, comércio justo, alternativas de financiamento, aplicação de tecnologias sociais, incubação de empreendimentos); Meio Ambiente e Vida Sustentável, com atenção especial aos Biomas Cerrado, Pantanal e Amazônia (mudanças climáticas, preservação florestal, biocombustíveis, reciclagem de resíduos, renovação e sustentabilidade de ambientes urbanos); e Integração Latino-americana (intercâmbio de iniciativas, novas dinâmicas comerciais, fluxos de cultura e conhecimento).