ICV – Um grupo de lideranças do movimento socioambiental de Mato Grosso termina na sexta-feira, 13 de março, a segunda edição do Curso Básico de Geotecnologias, oferecido pelo ICV – Instituto Centro de Vida, Formad – Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento e Opan – Operação Amazônia Nativa. Desde o começo dessa semana, 18 participantes estão conhecendo ferramentas de sensoriamento remoto e aprendendo a utilizar sistemas de informação geográfica.
O Zoneamento Sócio-ecônomico e Ecológico de Mato Grosso motivou boa parte dos participantes a se aprimorarem na utilização da tecnologia. Como ocorreu com Taiguara dos Santos, da Associação Terra Viva de Agricultura Alternativa, do município de Porto Alegre do Norte, MT. “Como nós trabalhamos com assentamentos e terras indígenas, é muito importante monitorar essas áreas. E agora com as discussões sobre o zoneamento, os mapas permitem que seja possível buscar informações estratégicas sobre o local onde atuamos, além de ser muito didático para podermos explicar para a população da região as suas características”, declarou.
O que a primeira vista parece apenas um curso técnico, na verdade se desenha como o primeiro passo para uma rede de monitoramento independente da Amazônia. Com a rápida evolução tecnológica dos últimos anos, elaborar mapas e análises e monitorar via satélite o que acontece na Amazônia está cada vez mais acessível à sociedade civil. “Eu não imaginava que essas ferramentas existiam com tamanha facilidade”, afirmou Miguel Aparecido, coordenador do Projeto Aldeias da Opan.
Segundo Aparecido, em determinadas regiões do Mato Grosso o monitoramento da floresta in loco pode ser arriscad o. “E com o SIG – Sistema de Informações Geográficas pode-se monitorar de maneira remota, na qual é possível verificar os locais de desmatamento. Depois do primeiro curso no ano passado, as pessoas que trabalham com os índios Xavante conseguiram monitorar uma região da Terra Indígena onde era impossível o trânsito, nos municípios de Alto da Boa Vista e São Felix do Araguaia”.
Todos os programas de computador utilizados no curso são livres, distribuídos gratuitamente na internet. Isso permite uma maior disseminação das geotecnologias. “Na Opan nós tínhamos o problema dos programas, porque são caros e nós não tínhamos a capacidade técnica para operar. Nesse curso, além de aprender a usar a ferramenta, foram apresentados apenas softwares livres de fácil compreensão”.
Ricardo Abad, analista de SIG do ICV e um dos monitores do curso, confirma que as geotecnologias têm evoluído de forma a facilitar o acesso, com softwares livres e informação disponível gratuitamente na internet, e diz que a aura de extrema dificuldade envolvendo seu uso está aos poucos se desfazendo. “Estas ferramentas ficaram conhecidas como sendo de difícil acesso porque eram muito caras. Hoje com as ferramentas se tornando gratuitas, as pessoas podem se aventurar e explorar suas capacidades. Os conhecimentos básicos sobre cartografia, sistemas de informação geográfica e sensoriamento remoto possibilitam a um iniciante explorar as capacidades de softwares livres sem muito mistério”.
O curso reúne representantes de diversas organizações socioambientais e instituições, há membros de associações, sindicatos, prefeituras, dentre outros. “Nós procuramos formar uma turma bem heterogênea, para que os participantes possam gerar informações estratégicas que servirão de base para o planejamento e a tomada de decisão”, disse Roberta Roxilene dos Santos, da equipe técnica do ICV e monitora do curso.