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Reduzir emissões é um desafio político

A redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), principal foco do Protocolo de Kyoto é uma meta que não está sendo atingida pelos países signatários do acordo

Estação Vida –  A redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), principal foco do Protocolo de Kyoto é uma meta que não está sendo atingida pelos países signatários do acordo. Somente depois de 11 anos os Estados Unidos estão buscando formas de reduzir suas emissões, mas conseguiu a iniciativa do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, que tem se tornado referência não só em seu país, mas em volta do globo. Durante o XIV Katoomba Meeting Brasil 2009 – “Evitando o Desmatamento na Amazônia através dos mercados PSA” que acontece em Cuiabá, Tony Brunello, secretário adjunto de Energia e Mudança Climática da Califórnia apresentou os principais resultados das ações ambientais do seu estado.

Entre as iniciativas está o encontro histórico realizado no ano passado entre o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi e os governadores da Califórnia, Illinois e Wisconsin, que resultou num acordo no qual as partes concordam em coordenar esforços na luta contra o aquecimento global. “O encontro foi como uma novela brasileira. Houve muita briga, controvérsias, mas também muito namoro”, brincou Tony Brunello. O encontro poderá render frutos com os governos do Amazonas e Pará.

Para Brunello, a Califórnia está fazendo iniciativas locais que já atingem um contexto nacional e mundial. Ele citou a lei estadual promulgada em 2006 que prevê uma redução de 20% das emissões dos gases de efeito estufa com parâmetros nas emissões de 1990. E isso está sendo feito com incentivos e com planos em que são mostrados para cada setor da economia californiana onde e como é possível baixar seus níveis de emissões. “Estamos trabalhando com mecanismos específicos para melhorar as probabilidades de cumprirmos nossa meta. O importante é vencer a batalha e não a corrida”, afirmou.

Trabalhando sob o prisma de um efeito multiplicador, o governo da Califórnia está liderando a Iniciativa Western Climate, onde outros estados dos Estados Unidos e do Canadá estão planejando a redução das suas emissões. Ontem, 31, os democratas americanos aprovaram um plano de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 20% até 2020, que é uma proposta ampliada da lei californiana. Se passar na Comissão do Comércio e da Energia, significará um significativo avanço em termos globais, pois sozinhos, os Estados Unidos representam 25% das emissões dos gases no mundo.

20% é pouco

Gylvan Meira, professor do Instituto de Pesquisas Avançadas da USP e um dos criadores dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL, que participou do mesmo painel que Tony Brunetto no Katoomba Meeting, defendeu a tese de que para estabilizar a concentração de emissão de gases do efeito estufa seria preciso reduzir as emissões globais em 60% em relação aos níveis de 1990.

“No relatório do IPCC afirmamos que detectamos a mudança do clima de forma inequívoca”, frisou. Mas os efeitos de cada gás têm tempos diferentes de se manifestar no meio ambiente. “Os efeitos dos gases têm diferença no tempo de quando é lançado. Seus efeitos variam entre 20 e 50 anos no caso do dióxido de carbono, metano e óxido nitroso.

Para ele, agir é um problema ético sobre o quanto cada geração se compromete em mitigar suas emissões diante dos números incontestáveis do IPCC. As emissões mundiais de desflorestamento representam de 7 a 10% das emissões globais dos GEE, e que num cenário realista, um aquecimento global de 2,2 graus celcius afetará 15% da biosfera e a partir de 3,8 graus, cerca de 40% dela será afetada irreversivelmente.

Meyra sugere que é preciso mudar as regras previstas no protocolo de Kyoto para que os mecanismos de mercado realmente funcionem e que os valores pagos pelos serviços ambientais sejam mais atrativos para incentivar o plantio de plantas nativas, por exemplo. O XIV Katoomba Meeting segue até o dia 4 de abril, em Cuiabá.

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