[WWF-Brasil] – Provocar o diálogo entre os variados atores sociais da BR 163 foi um dos objetivos principais do Projeto Diálogos – Construindo Consenso no acesso aos recursos naturais da Amazônia Brasileira, encerrado durante seminário relizado em Brasília – DF, nos dias 14 e 15 de outubro. O projeto teve a duração de cinco anos e focou três eixos: ordenamento territorial por meio da criação de unidades de conservação, trabalhar a gestão florestal com conservação e uso sustentável e, por último, criar e fortalecer espaços de negociação.
Durante a abertura do Seminário Final do Projeto Diálogos os representantes do WWF-Brasil, Instituto Centro Vida (ICV), Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB) saudaram os participantes e deixaram muitas provocações para animar as discussões ocorridas e as ações que virão como conseqüência do projeto.
O representante do Cirad, Erick Sabourin, um dos integrantes na abertura destacou a metodologia aplicada, suas principais ações, sustentada através do planejamento participativo e a definição de posturas para o futuro. Afirmou ainda que as experiências locais precisam ser valorizadas quando se pensar em novas ações. Ao longo das atividades ocorreu várias palestra, seguidas de debates entre os representadores dos diversos segmentos presentes. Todos os participantes do seminário mostraram disposição em continuar dialogando para construir uma sociedade melhor ao longo da BR 163.
Participaram mais de 70 lideranças do Pará e Mato Grosso, desde lideranças de trabalhadores rurais, proprietários, organizações não governamentais, a indústria madeireira, a academia e órgãos públicos. Durante os debates foram registrados os avanços ocorridos, identificados pormenorizadamente pelos expositores e participantes durante as palestras e debates.
O Projeto Diálogos, segundo vários expositores, apesar de ter sido finalizado, não se encerrará. Um de seus resultados mais importantes, será a sua continuidade, com a realização de inúmeros diálogos previstos entre os atores sociais que atuam ao longo da BR 163 ( Santarém – Cuiabá).
O Projeto Diálogos – Construindo Consenso no acesso aos recursos naturais da Amazônia Brasileira foi coordenado pelo WWF – Brasil e financiado pela Comunidade Econômica Européia.
Segue entrevista retirada do site do WWF-Brasil, onde representantes das entidades parceiras e alguns atores locais falam sobre o momento.
O que o Projeto Diálogos representou para as organizações parceiras:
Marcos Ximenes, coordenador do Projeto Diálogos no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam):
“Em uma região como a da BR-163, sem o menor sinal de diálogo, onde prevaleciam os interesses dos atores com maior poder econômico e político, o Projeto Diálogos foi essencial para a consolidação de espaços de negociação e do fortalecimento de atores sociais politicamente mais fracos”.
Fabiano Toni, coordenador do projeto Diálogos pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB):
“O Projeto Diálogos consolidou parcerias do CDS com ONGs e organizações de base atuantes na BR-163. Isso foi fundamental para a realização de pesquisas de alunos e professores da UnB na região. O mais importante é que as parcerias terão continuidade mesmo após o fim do projeto”.
Eric Sabourin, coordenador técnico do Projeto Diálogos no Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad):
“O principal resultado do Diálogos para o Cirad é a construção de laços com atores dos movimentos sociais, com o setor privado e com os desenvolvedores de políticas públicas. Ou seja, a construção de uma rede de parcerias que não irão se acabar com o projeto e continuarão trabalhando para o desenvolvimento sustentável da região”.
Sergio Guimarães , coordenador do Projeto Diálogos no Instituto Centro de Vida (ICV):
“As atividades do Projeto Diálogos foram essenciais para o desenvolvimento do trabalho de interlocução política na região, tanto no diálogo com atores sociais locais como nacionais atuantes na região da BR-163. Não dá para dizer que o projeto vai acabar; suas atividades continuarão fazendo a diferença”.
Cláudio Maretti, coordenador do Projeto Diálogos no WWF-Brasil:
“A promoção dos espaços de diálogos não é tradicionalmente o foco da atuação do WWF-Brasil, e ela foi justamente a grande contribuição do Projeto Diálogos à organização. Proporcionou uma oportunidade de ir além do usual e dar mais consistência às ações dos nossos projetos na Amazônia”.
O que o Projeto Diálogos representou para os atores locais da BR-163:
João Raimundo Almeida, articulador do Conselho de Desenvolvimento Territorial do Território do Baixo Amazonas, na região de influência da BR-163:
“Para a gente, do Baixo Amazonas, o Projeto Diálogos contribuiu na capacitação das lideranças locais sobre o que são políticas públicas e qual a importância da questão ambiental. Agora a população tem maior clareza de que é preciso preservar a natureza e de que a visão de ter dinheiro a curto prazo pode ser perigosa”
Marcelo Haoski, secretário de Meio Ambiente do município de Apiacás, localizado no Território do Portal da Amazônia, região de influência da BR-163:
“Em Apiacás, um dos frutos do Diálogos foi a parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizada a partir de um encontro promovido pelo projeto. Essa parceria está sendo essencial para a promoção do turismo na região e para o controle das atividades ilegais realizadas no entorno do município”.
Padre Arno Longo, coordenador do Fórum dos Movimentos Sociais da BR-163, morador de Itaituba, localizado no Território da BR-163, região de influência da rodovia:
“Nos 7 municípios do Território da BR-163, o Diálogos realizou diversas oficinas que permitiram maior articulação entre a população do local e entre os movimentos sociais e setor empresarial. O maior benefício disto é poder trazer políticas públicas para a região e fazer com que o governo fique mais perto da gente”.