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Organizações firmam compromissos para atender emergências socioambientais de Mato Grosso

Evento organizado pelo Formad reuniu representantes de 10 filiadas em atividades pelo Dia do Meio Ambiente

Por Bruna Pinheiro / Formad

A agenda socioambiental de Mato Grosso para os próximos meses já tem novos compromissos, com o encerramento do II Fórum das Unidades de Conservação e de Águas e Crise Climática, nesta terça-feira (06). A atividade foi promovida pelo Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad) e reuniu representantes de 10 entidades filiadas da rede no estado para discutir as emergências socioambientais atuais, além dos desafios postos à sustentabilidade, controle social e participação cidadã.

­A programação fez parte do evento “Emergências socioambientais em Mato Grosso”, iniciado na segunda-feira (05), com uma plenária sobre as Unidades de Conservação do estado e um diagnóstico das problemáticas, ameaças e desafios nas áreas. O tema foi pauta também da Audiência Pública “PEC 12/2022: Unidades de Conservação”, em parceria com o deputado federal Lúdio Cabral, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), com o objetivo de apresentar estudos e apontamentos científicos a respeito dos impactos da proibição de novas UCs no estado ­­e a necessidade de defender e proteger os territórios. Entre as apresentações, a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Gatti, abordou as consequências ambientais em áreas já desmatadas e desprotegidas e destacou a importância das florestas para a humanidade.

“O papel da ciência é oferecer à sociedade condições de melhorias em suas práticas e políticas públicas. Manter florestas não é desperdício de terras. Elas são fábricas de chuvas e controladoras do clima. Infelizmente, o Brasil está perdendo uma das suas principais vantagens com a redução de parques, desmatamento e queimadas. Estão secando o país!”, alertou a pesquisadora. 

Apresentada em dezembro do ano passado pelo Governo de Mato Grosso, a PEC 12/2022 é alvo de críticas pela inconstitucionalidade e tramitação acelerada na ALMT. Foram dez sessões em pouco mais de um mês após a apresentação até que ela fosse encaminhada para a Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), sem discussão com a sociedade e nem com as organizações socioambientais. Em primeira sessão, no dia 15 de fevereiro deste ano, a proposta, que surgiu de surpresa na Ordem do Dia, acabou sendo aprovada por 19 votos a dois. A pressão popular, junto a documentos técnicos, a exemplo de uma nota jurídica que aponta 10 ilegalidades da proposta e a Nota Técnica 01/2023 da Defensoria Pública-Geral da União (DPU), fizeram com que o projeto fosse retirado de pauta por requerimento de Lúdio Cabral. 

O parlamentar encerrou a audiência informando que a documentação será anexada e enviada para o Governo de Mato Grosso, com o pedido de providências diante das pesquisas e estudos. 

Rede define próximos passos no campo socioambiental

No segundo dia, o Fórum “Águas e crise climática” discutiu o panorama geral de questões ligadas às águas nos territórios e como tem sido a luta e resistência dos povos e organizações. Foram debatidas situações como os projetos de instalações de usinas hidrelétricas em algumas regiões, criação de novas Unidades de Conservação, uso de recursos públicos, projetos de iniciativa popular e outros temas. 

Os encaminhamentos ficaram por conta da elaboração de documentos, estudos e monitoramento de áreas para embasar as próximas ações e campanhas das filiadas ligadas ao Formad. A agenda será compartilhada com a rede em breve para ampla participação popular. 

Bruno, Dom e Michèle presentes!

A programação do evento “Emergências socioambientais em Mato Grosso” incluiu ainda homenagens pelo 1º ano das mortes do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, assassinados no Vale do Javari, no Amazonas, em 5 de junho de 2022. A professora e ambientalista Michèle Sato, falecida há 15 dias, também foi homenageada.

“Essa homenagem tem a muito a ver com o que foi dito hoje. Bruno e Dom foram assassinados e retirados do nosso convívio brutalmente porque eram pessoas que lutavam pela vida. Infelizmente, o Brasil é o país que mais mata ambientalistas e a morte deles é representativa dessa situação. Eles e a Michele foram pessoas que lutaram não só por si mesmas, mas pelo coletivo”, disse Herman Oliveira, secretário executivo do Formad. 

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