Fogo avança sobre o Cristalino (MT) e consome área de quase 1 mil campos de futebol

PEC II é internacionalmente reconhecido como um dos corredores de preservação da Amazônia brasileira contra o avanço do desmatamento.

Por SOS Cristalino

Incêndios têm avançado sobre o Parque Estadual Cristalino II (PEC II) nas últimas semanas e atingiram até o momento uma área de 697,20 hectares, equivalente a 976 campos de futebol.

Localizado no Arco do Desmatamento da Amazônia mato-grossense, entre os municípios de Novo Mundo e Alta Floresta, o PEC II teve seu decreto de criação anulado em abril deste ano por decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que acatou o pedido da Sociedade Comercial e Agropecuária Triângulo Ltda.

Em agosto de 2022, decisão semelhante foi proferida pela Justiça. Naquele ano, o fogo consumiu mais de 5 mil hectares do PEC I e II um mês após a determinação. A extinção do parque foi questionada, mas a sentença recente do TJMT deu ganho de causa para a empresa novamente. Em meio à ausência de novos recursos por parte de agentes públicos, áreas dentro e no entorno do parque voltaram a queimar.

Incêndios

Desde o dia 2 deste mês, incêndios foram registrados em fazendas localizadas na porção leste do PEC II e, ao longo da última semana, avançaram sobre uma área não registrada. Nestes locais, o fogo consumiu 697,20 hectares.

Já nas proximidades da porção Oeste do parque, desde o dia 6 as queimadas consumiram 2.577,60 hectares, equivalentes a 3.610 campos de futebol.

Consultora jurídica do Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT), Edilene Amaral alertou sobre os riscos de novos incêndios de grandes proporções no parque, sobretudo pelo papel que o espaço representa para a proteção da Amazônia.

“O impacto dos incêndios gera o agravamento da degradação. E o risco de termos a perda de biodiversidade, que justificou a criação do parque, força uma possível ideia de que não há mais interesse na preservação daquela localidade. E isso é extremamente preocupante”, disse a consultora.

“O Estado precisa assumir a responsabilidade da unidade de conservação. Enquanto ele for omisso, não reconhecer que são terras públicas e de fato colocar medidas para implementação, essa situação continuará”, acrescentou.

Conforme destacado por Amaral, soma-se aos esforços em defesa do parque um abaixo-assinado que cobra ações de agentes públicos e conta com mais de 47 mil assinaturas. O manifesto está disponível AQUI.

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