A 2ª Semana da Agroecologia de Mato Grosso reuniu mais de 300 pessoas dedicadas ao modelo agrícola sustentável de várias regiões do estado que vieram a Cuiabá para viver momentos de partilha, troca de saberes e também, para comercializar produtos. Modelo este que preza pela proteção ambiental, respeita as diversidades ecossistêmicas e que valoriza os saberes ancestrais de populações tradicionais.
Antecipando a programação, que ocorreu oficialmente entre os dias 3 e 6 de dezembro, no dia 2, como ação primeira da Feira da Reforma Agrária, foi servida gratuitamente, mais de meia tonelada de alimentos à população, em Banquetaço realizado na Praça Alencastro. Uma mostra da diversidade e potencial econômico da produção de assentamentos da Reforma Agrária e comunidades tradicionais, realçando a força de grupos sociais diversos.
A programação começou então, no dia 3 de dezembro, com abertura em sessão solene, convocada pelo deputado Lúdio Cabral, que destinou emenda via Assembleia Legislativa de Mato Grosso, para a concretização do projeto, realizado pelo Instituto Caracol. A viabilização se deu via recursos da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar. Já a Feira da Reforma Agrária, integrada ao projeto, faz parte da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura-MT), com apoio do Ministério do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.
O secretário executivo do Fórum Popular Socioambiental de Mato Grosso (Formad-MT), Herman Oliveira destaca que o projeto foi construído via governança coletiva, envolvendo mais de 30 organizações da sociedade civil.
“O Formad, por exemplo, atuou na articulação e mobilização desses diversos grupos sociais, apoiando financeiramente, mas também, sob uma perspectiva de viés político, fazendo essas costuras. Afinal, agregar organizações com pensamentos tão diversos, é um desafio. Então, acredito que a Semana da Agroecologia é também um expressivo exemplo de trabalho em rede e superação de diferenças. O resultado, é a unidade que vimos”.
Ele destaca que estiveram representadas iniciativas de várias regiões do estado, que em cinco dias intensos de programação, revelaram a produção agroecológica e orgânica no encontro potente de coletivos diversos, como indígenas, quilombolas, oriundos de comunidades ribeirinhas, assentados, acampados e desaldeados. Caravanas percorreram cerca de 10 mil km para participar do evento na capital.
Vivenciaram importantes momentos de partilha de conhecimento, troca de saberes e de interação com o consumidor da cidade. “E troca de sementes, também. Uma iniciativa importante para que a biodiversidade permaneça e resista no Estado de Mato Grosso”. Segundo Herman, mais de 3 mil pessoas circularam pela Semana da Agroecologia, na Praça Alencastro ou Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). “Adquirindo produtos, curtindo seus shows culturais e aproveitando ao máximo da degustação e da reflexão necessária sobre a sustentabilidade em Mato Grosso”.
Herman realça que o encontro teve um efeito positivo. “Catalisador e agregador das pessoas, dos grupos sociais, num sentimento de solidariedade, de pertencimento ao saber que aquele que um produz, o outro também produz. Tanto em conhecimento quanto produção para o consumo, produção agroecológica e sustentável. As pessoas saem com um sentimento de positividade em relação à sua existência e resistência, são pessoas que na maior parte do tempo são invisíveis. Elas precisam de espaços assim para apresentarem suas expressões culturais, agrícolas e identitárias”.
Foto: Julia Muxfeldt