ARTIGO – Os agrotóxicos, o novo holocausto invisível

“Anualmente, no mundo, cerca de 3 milhões de pessoas se intoxicam pelo uso de agrotóxicos. Mais de 220 mil morrem. Isto significa 660 mortos por dia, 25 mortes por hora. O programa de vigilância epidemiológica dos Ministérios da Saúde e da Organização Panamericana de Saúde de sete países da América Central, estima que cada ano 400.000 pessoas se intoxicam com venenos”, escreve Graciela Cristina Gómez, argentina, advogada ambientalista e escritora, em artigo publicado no sítio Ecoportal, 03-12-2012. A tradução é do Cepat.

acesse: http://www.contraosagrotoxicos.org

“Se soubesse que o mundo acabaria amanhã, assim mesmo, ainda hoje, plantaria uma árvore” (Martin Luther King Jr.).

Vinte anos após a catástrofe de Bophal, na Índia, mais de 100.000 pessoas ainda sofrem doenças crônicas relacionadas à contaminação causada pelo vazamento.

Esta data [03 de dezembro] foi estabelecida pela organização PAN International (Pesticide Action Network) para recordar as mais de 16.000 pessoas mortas no desastre ocorrido em 1984 pelo vazamento de 40 toneladas de gás tóxico metil isocianato, químico utilizado na elaboração de um pesticida da Corporación Union Carbide, adquirida em 2001 pela Dow Chimical. Só nos três primeiros dias morreram 8.000 pessoas. 

Em 2000, a Eveready, da mesma empresa (Union Carbide Argentina), foi denunciada de enterrar clandestinamente pilhas alcalinas não aptas para a comercialização. O depósito de resíduos tóxicos se encontrava em uma fazenda no quilômetro 752 da estrada 9, na cidade de Jesús María, província de Córdoba. A fábrica funcionou nesse lugar entre 1965 e 1987, mas desde 1994 funciona ali a empresa brasileira Iochpe-Maxion. Esta empresa fez um acordo com a Eveready, atualmente sob licença da empresa Ralston Purina Argentina S.A., para limpar o terreno e transladar os materiais tóxicos. A companhia Ailinco começou a remover os resíduos industriais no final de setembro para transladá-los em caminhões supostamente acondicionados para um local apropriado para ali serem enterrados ou tratados, localizado em Zárate, Buenos Aires. 

Anualmente, no mundo, cerca de 3 milhões de pessoas se intoxicam pelo uso de agrotóxicos. Mais de 220 mil morrem. Isto significa 660 mortos por dia, 25 mortes por hora. O programa de vigilância epidemiológica dos Ministérios da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde de sete países da América Central, estima que anualmente 400.000 pessoas se intoxicam com venenos.

A ONU considera que a taxa de intoxicações nos países do sul poderá ser 13 vezes maior do que nos países industrializados, razão pela qual declarou os agrotóxicos como um dos maiores problemas em âmbito mundial. Em 1991, calcula-se que 25 milhões de trabalhadores agrícolas tenham sofrido alguma intoxicação com pesticidas e que estes seriam responsáveis por 437.000 casos de câncer e de 400.000 mortes involuntárias. 

Do campo de guerra para o campo semeado

Os agrotóxicos não foram inventados para a agricultura e não foram solicitados pelos agricultores; são um produto de guerra. E hoje, quando vemos os problemas ocasionados pelos agrotóxicos, temos que dizer o seu nome certo: Veneno – Arma Química – Agrotóxico.

Na Primeira Guerra Mundial a Alemanha foi bloqueada e os aliados proibiram a importação do salitre chileno e outros adubos nitrogenados que poderiam ser utilizados na fabricação de explosivos. Quando a guerra terminou os alemães tinham um enorme estoque de nitratos, que já ninguém mais queria. A indústria química os reciclou e foram impostos aos agricultores. Assim nasceram os adubos nitrogenados. A agricultura foi uma espécie de lixeira para a indústria da guerra.

Fruto da guerra, os agrotóxicos foram criados para matar o homem, para destruir suas plantações e não para benefício da humanidade. Quando a primeira bomba atômica explodiu, no verão de 1945, viajava na direção do Japão um barco americano com uma carga de fitocidas, então declarados como LN 8, e LN 14, suficiente para destruir 30% das plantações. Mais tarde, na guerra do Vietnã, estes mesmos venenos, com outros nomes, como agente laranja, serviram para a destruição de dezenas de milhares de quilômetros quadrados de florestas e plantações.

Também o DDT, usado para matar insetos, surgiu na guerra. Para combater a malária. Depois da guerra, novamente a agricultura serviu para canalizar as enormes quantidades armazenadas e para manter em funcionamento as grandes capacidades produtivas que haviam sido montadas. 

Mais de 500.000 toneladas de inseticidas obsoletos, proibidos ou que caducaram, se acumulam em quase todos os países em desenvolvimento, supondo uma grave ameaça para a saúde de milhões de pessoas e para o meio ambiente.

Nicarágua: Em um engenho, foram necessárias 986 pessoas mortas por efeitos do agrotóxico Nemagón para que a Assembleia Nacional da Nicarágua começasse a agir. Os resultados são dramáticos. Segundo cálculos, morreram 1.383 trabalhadores e nos últimos anos há uma média de 46 mortes mensais. 

Argentina: Em Misiones, cinco de cada mil crianças nascem com mielomeningocele, uma deformação do sistema nervoso central. Em Misiones, estima-se que cerca de 13% da sua população tem alguma incapacidade. “Quando vemos o orçamento que a Monsanto tem para a América Latina, que tem sua grande agência aqui em Posadas, 30 bilhões de dólares são o que ela investe em agrotóxicos para que alguns poucos se enriqueçam e para que todos os demais sejamos incapacitados”. 

Ver também os relatórios por província do Grupo de Reflexão Rural, o relatório Pachamama (Ecos de Romang) e As derivações do caso Portillo (jornal El Día, Gualeguaychú), entre outros, que provocam vergonha e impotência em nosso país.

Paraguai: É o terceiro maior exportador e quarto maior produtor mundial de soja. 85% das sementes plantadas pertencem à Monsanto. O Ministério da Saúde registrou 430 casos de envenenamento e morte entre 1990 e 2000.

Neste contexto, talvez o caso mais ressonante no Paraguai seja a morte do menino Silvino Talavera, ocorrida em janeiro de 2003 e que originou o primeiro julgamento de produtores, condenados a apenas dois anos de prisão. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) assinala que do total de 3 a 5 milhões de casos anuais de agricultores afetados, 40.000 morrem por intoxicações agudas.

Uruguai: O diretor do Registro Nacional do Câncer, do Ministério da Saúde Pública, Dr. J. A. Vasallo, em seu livro Câncer no Uruguai, de 1989, expressa que há um aumento de 64% nos últimos 30 anos. 

Brasil: Está comprovada a contaminação transgênica das Cataratas! Um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Parque Nacional do Iguaçu confirmou que os cultivos de soja transgênica que abundam em sua zona de influência são a causa da contaminação genética de diversas espécies vegetais. A plantação de soja na região limítrofe ao parque está proibida por lei. 

No primeiro semestre de 2004, a China embargou um carregamento de soja proveniente do Brasil que registrava contaminação com fungicida Carboxin e Captan. Este procedimento, segundo ambientalistas, é comum em exportações para países pobres, quando parte da carga comercial é misturada com grãos contaminados. Diante da recusa da China em aceitar o produto contaminado, acredita-se que a soja tenha sido adquirida por países com menor poder de impor restrições comerciais, como é o caso da Indonésia. No entanto, este mesmo lote com níveis de contaminação similares também pode ter parado na mesa dos brasileiros.

Colômbia: É muito difícil calcular as intoxicações na Colômbia e na América Latina porque a maioria dos casos não é registrada. As autoridades subestimam as queixas, como ocorre com milhares de intoxicações pelas fumigações aéreas de Roundup (glifosato) em zonas de cultivos de uso ilícito na Colômbia, em concentrações muito mais altas que as autorizadas pelo uso agrícola.

Cabe recordar aquela ocorrida em 1967 em Chiquinquirá (Boyacá), Colômbia, que envolveu mais de 500 pessoas, 165 das quais precisaram de tratamento médico e 63 morreram. Dezenas de crianças se intoxicaram e morreram quando tomavam café com pão feito com farinha de trigo contaminada com Folidol (paration).

Peru: A tragédia de Tauccamarca, ocorrida em outubro de 1999, onde 24 crianças foram envenenadas e mortas depois de ingerir um alimento contaminado com Parathion, pesticida produzido pela multinacional Bayer, 24 crianças morreram na comunidade cusquenha depois de terem consumido um lanche escolar. A morte foi quase instantânea, em meio a dores atrozes. Outras 22 crianças sobreviveram, mas é possível que seus sistemas nervosos tenham ficado seriamente prejudicados.

Calcula-se em milhares as mortes causadas pelo herbicida paraquat da Syngenta (Gramoxone) no mundo todo. O Paraquat foi responsabilizado por numerosos problemas de saúde nos países em que é utilizado. A Malásia é um dos 13 países que o proibiram, mas há 120 que ainda o usam. Em compensação, a União Europeia o aprovou.

Na Costa Rica, desde 1980 e durante duas décadas tem sido registrado como o maior causador de envenenamentos e responsável por uma terça parte das mortes de centenas de trabalhadores agrícolas. Não se conhece antídoto nem tratamento eficaz para controlar um envenenamento com paraquat.

Estima-se que 85% dos casos não são registrados. Em 2000, foram registrados 752 casos de intoxicação com pesticidas, 12 dentre eles resultaram em morte.

Uma investigação recente sobre a água engarrafada na Índia mostrou altos níveis de lindano, entre outros pesticidas como o DDT e o malation, altamente tóxicos, e por isso houve uma campanha contra a Coca-Cola por vender seus refrigerantes contaminados. Isso na Grã-Bretanha não foi nenhuma novidade, depois de ter acusado a mesma empresa que sua água mineral Dasani tinha o dobro de bromato do que o permitido e de não ser potável, mas, tirada da torneira, a partir dessa data, essa água engarrafada faz furor na Argentina.

Chile: O lindano, apesar de estar proibido desde 1998 pelo Ministério da Agricultura para uso agrícola devido aos seus graves efeitos para a saúde das pessoas, segue sendo aplicado na cabeça de crianças para combater a pediculose. Longe de erradicar o mal, este fungicida provocou resistência e a pediculose se tornou endêmica, segundo reconhecem autoridades do Ministério da Saúde.

México: Os índices de câncer no México aumentaram a partir de 1989. Representa a segunda causa de morte do país. Nesse ano houve 40.628 mortes (48,2 sobre cada 100 mil habitantes). Curiosamente, na cidade de Comitán, região produtora de suínos, e na região Costa de Chiapas, o alto índice de pessoas com câncer de estômago situa a cidade no primeiro lugar em nível mundial nessa doença. Na região é muito usado o lindano para matar os piolhos e atacar a sarna nos porcos. Também é usado em pó, que se aplica no milho para armazená-lo e evitar que seja atacado por insetos ou para que os gorgulhos não estraguem o feijão. Nesta região fronteiriça são realizadas há anos constantes fumigações sobre plantios de comunidades indígenas que atinge também casas, animais domésticos, plantações de milho e de café. Grandes populações de abelhas foram eliminadas e, com isso, os produtores de mel. O lindano, além disso, contamina altamente os solos, rios, poços, lagoas e águas subterrâneas.

Na Zona Altos o lindano também é frequentemente usado pelos agentes da Secretaria da Saúde para a aplicação em crianças de quatro meses para combater piolhos. A IARC, assim como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US EPA), classificou o lindano como possível cancerígeno humano.

Para uso agropecuário, existem três empresas que comercializam o Lindano: Agromundo, Engenharia Industrial e Indústrias Gustaffson. Cabe destacar que esta última foi comprada em 2004 pela multinacional Bayer, uma verdadeira especialista em envenenamento planetário, e que vende o Lindano sob o nome Germate Plus. A Bayer havia comprado, além disso, em 2001, a empresa Aventis Crop Science, uma fusão do Laboratorios Helios, AgrEvo e Rhone Poulenc. Além de borrifar os indígenas de Chiapas com Baygon.

A empresa Anaversa, em Córdoba, Veracruz, em maio de 1991, causou numerosas mortes por câncer e efeitos crônicos na população; a limpeza do local nunca foi feita, nem as vítimas compensadas, embora a empresa tenha cobrado o seguro contra acidentes. Um segundo caso é o da empresa produtora do inseticida Artivi, em Juchitepec, Estado do México. Um terceiro caso é o da Tekchem, em Salamanca, Guanajuato, que produziu por décadas inseticidas organoclorados persistentes, o que produziu problemas de saúde e contaminação ambiental. Em suas instalações, a empresa conserva 84.000 toneladas de resíduos organoclorados que deixou Fertimex mais de 45.000 toneladas de enxofre contaminado. Estas e outras substâncias encontram-se no relento.

As fábricas do espanto

DuPont: Durante a Guerra Civil nos Estados Unidos, ela administrava a metade da pólvora usada pelo exército da União, também dinamites. Continuou sendo um provedor do exército norte-americano tanto na Primeira como na Segunda Guerra Mundial e também colaborou no Projeto Manhattan, sendo responsável pela fábrica de produção de plutônio no Laboratório Nacional Oak Ridge.

A DuPont foi, ao lado da General Motors, o inventor dos CFC (substâncias danosas para a camada de ozônio). Em um relatório enviado por Saddam Hussein à ONU antes da invasão do Iraque revelou que a DuPont havia participado do desenvolvimento do programa nuclear iraquiano. Uma investigação da Agência de Proteção Ambiental acusou a DuPont de ocultar os efeitos do C-8 (um produto usado na obtenção do Teflon). Vários estudos sugerem que o efeito acumulativo deste material é cancerígeno, além de poder provocar deformações na gravidez.

Basf: A Basf é a maior empresa química do mundo. De origem alemã, compreende mais de 160 subsidiárias e conta com mais de 150 plantas de produção em todo o mundo. Entre seus produtos está a anilina, de efeitos cancerígenos para animais e seres humanos.

A IG Farben foi fundada em 1925 a partir da fusão da Basf, da Agfa e da Hoechst. A IG Farben foi a única companhia alemã com seu próprio campo de concentração, onde morreram ao menos 30.000 pessoas, e muitos mais foram enviados para as câmaras de gás. A IG Farben construiu uma fábrica em Auschwitz, com uma força de trabalho de aproximadamente 300.000 escravos.

O gás Zyklon B, que era utilizado nas câmaras de extermínio, era fabricado pela Degesch, uma subsidiária da IG Farben. Com este veneno foram executados milhões de judeus, ciganos e soviéticos.

Acabada a Segunda Guerra Mundial, os países aliados, durante os Julgamentos de Nuremberg, ordenaram o desmembramento do consórcio.

As empresas sucessoras da IG Farben na atualidade são a Bayer, Basf e Hoechst, que herdaram o total das propriedades da IG Farben, mas não as responsabilidades penais.

Atualmente, a Basf lançou uma campanha publicitária que promove o agrotóxico de nome comercial Opera, que é um fungicida – um veneno para fungos – que se utiliza nas monoculturas de soja para controlar doenças de fim de ciclo, em particular a ferrugem asiática. A publicidade mostra uma criança sorridente, com uma pequena planta na mão e com uma extensa plantação de soja ao fundo. A imagem é acompanhada pela frase ‘A inovação Basf está aqui para melhorar sua qualidade de vida’. O idílico da imagem está longe da realidade que o cultivo de soja e seu pacote tecnológico associado representam para o nosso campo e seus habitantes.

Bayer: Produziu até a Primeira Guerra Mundial uma droga chamada diacetilmorfina, uma droga aditiva, vendida originalmente como tratamento da tosse, que depois passou a se chamar heroína. A heroína era uma marca registrada da Bayer, até que foi proibida antes da Primeira Guerra Mundial.

De 1925 até 1951, a Bayer converteu-se em parte da IG Farben, conglomerado das indústrias químicas alemãs que formou a base financeira do regime nazista. O Dr. Fritz ter Meer, condenado a sete anos de prisão pelos crimes de guerra pelo Tribunal de Nuremberg, foi feito Diretor Supervisor da Bayer em 1956, depois que saiu da prisão. Também são de sua atribuição a criação de agentes químicos, tais como: gás mostarda (arma química) e tabun (gás nervoso).

Syngenta: Pesticida assassino e sementes Terminator. O Paraquat é vendido em mais de cem países com o nome genérico de Gramoxone – que representa uma parte importante dos lucros da transnacional radicada na Basileia que, em 2006, teve um lucro líquido declarado em cerca de 900 milhões de dólares – e causou milhares de mortes.

Nascida em 2000 da fusão das divisões agroquímicas da suíça Novartis e do consórcio anglo-sueco AstraZeneca, o Gramoxone segue sendo vendido em todo o mundo e sua expansão não para, como provam as novas fábricas que a empresa abriu na China.

Em maio desse ano, diversas organizações da Ásia, África e Europa, apresentaram uma denúncia contra a Syngenta na FAO. A empresa não respeita seu artigo 3.5 que pede para evitar certos pesticidas extremamente tóxicos. Em julho passado, a Corte de Justiça Europeia também se pronunciou contra esse produto.

As plantas do tipo Terminator produzem sementes estéreis que não dão mais que uma única colheita. Os camponeses não podem utilizá-la novamente como semente. Segundo a denúncia de março de 2006 das organizações suíças, o único objetivo dessa tecnologia é dominar o mercado de sementes e garantir o controle da alimentação mundial, o que implica em uma violação do direito humano da alimentação. No Brasil, uma milícia armada atacou camponeses em um campo experimental da multinacional Syngenta situada em Santa Teresa do Oeste, Paraná. Este campo foi ocupado e denunciado pelos camponeses, mas às 13h30 do dia 21 de outubro, foram atacados. Um membro da Via Campesina, Valmir Mota, de 32 anos, pai de três filhos, foi executado com dois tiros no peito. Outros seis trabalhadores rurais foram gravemente feridos.

Monsanto: Acusada de contaminar os moradores de Times Beach, as águas da população de Anniston, é criadora do Aspartame (Nutrasweet), adoçante de efeito tônico para o cérebro. Não satisfeita com isso, fornece a cafeína para a Coca-Cola.

Foi condenada pelo glifosato Roundup ao ficar demonstrado seu caráter potencialmente cancerígeno e perturbador do sistema endócrino e de provocar efeitos nefastos ao ambiente no longo prazo.

Seu milho transgênico foi aprovado para consumo humano pela União Europeia. Entretanto, dois de seus híbridos submetidos à aprovação contêm a modificação genética Nk603 – foram analisados recentemente pelo instituto francês CRIIGEN, que encontrou claros sinais de toxicidade nos dados apresentados pela empresa fabricante, a multinacional Monsanto.

O terceiro milho aprovado, conhecido como Herculex, foi repetidamente denunciado porque as análises realizadas pelas empresas fabricantes – Pionner e Dow – revelaram sinais de toxicidade que exigem novas pesquisas.

Amigos da Terra, COAG e o Greenpeace denunciaram reiteradamente a Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) por não exigir mais pesquisas antes de aprovar novos transgênicos e por não ter em conta as evidências sobre seus efeitos prejudiciais, já que enquanto não se produzir uma melhora radical da avaliação de riscos dos transgênicos, os processos de autorização devem ser suspensos.

Na Índia, o Ministério da Agricultura reconhece que entre 1993 e 2003 ocorreram 100.000 suicídios de camponeses. E entre 2003 e 2006 (outubro) foram registrados 16.000 suicídios cada ano. No total, entre 1993 e 2006 houve cerca de 150.000 suicídios – 30 por dia durante 13 anos! Milhares de camponeses, cuja forma de vida foi destruída, recorreram ao suicídio como única escapatória.

Recorreram ao algodão da Monsanto buscando reduzir o custo em inseticidas, mas a armadilha do endividamento rapidamente tomou conta deles porque as sementes do algodão da Monsanto são ainda mais caras.

O debate negado e os silêncios da imprensa

Essa é uma das principais conclusões feitas por uma meticulosa pesquisa realizada pelo Observatório de Imprensa da Agência Jornalística do Mercosul (APM), da Faculdade de Jornalismo e Comunicação Social da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), da Argentina. Essa pesquisa desnuda as técnicas manipuladoras da imprensa hegemônica.

Uma medição do Observatório de Imprensa da APM constatou que os principais jornais econômicos de Buenos Aires promovem o programa que converte a alimentação em gasolina para os ricos.

A imprensa e os governos se negam a um debate sobre estes temas, negando e ocultando informação, quando justamente, conscientizando a população se evitariam tantas mortes e haveria um melhor manejo e prevenção dos agrotóxicos.

No entanto:

– Vemos na televisão dias atrás um vergonhoso programa de ‘Um mundo de baixo consumo’, aplaudindo os biocombustíveis, mostrando a cultura yanqui, e os carros híbridos, somente acessíveis a Bill Gates. Por que não foi feito no Paraguai, no Brasil ou em Santa Fé mostrando os estragos da soja?

– O mesmo canal levanta uma nota a realizar-se com integrantes da Acción Ecológica sobre mineração, seguramente por pressões.

– A Corte da Província de Catamarca anula um plebiscito sobre a instalação de uma mina de urânio a céu aberto, apoiando-se no artigo 124 da nossa Constituição Federal, sem levar em conta que o artigo 41 está em “Direitos e Garantias” da nossa Constituição, se não se deram conta, e que o povo é soberano e eles são um número, um mero representante desse soberano. 

– As Crianças nascidas com deformações em Santa Fé e em Misiones, nunca tiveram uma nota em nenhum jornal de Buenos Aires. Alguns jornais locais e as redes ecologistas brigam sozinhas, expondo estes temas e mostrando ao mundo, que, com pavor, repetem as notícias uma ou outra vez, enquanto a Argentina se cala.

O milagre da soja, segundo alguns rafaelinos que escutamos, envergonhando-nos de serem santafesenses, em uma Universidade de Três de Fevereiro, Buenos Aires, falando de arte, agradecem à soja pela arte!

Brindem com Roundup, senhores… Quando os inseticidas matarem até o último pássaro das montanhas que ainda nos restam, não agradecerão nem à Monsanto, nem à Bayer, nem à Syngenta e companhia. Porque estar no holocausto e não se dar conta já é estar morto em vida.

FONTE: Instituto Humanitas Unisinos – IHU

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