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Greenpeace alerta para o perigo da contaminação do milho transgênico

O milho é uma espécie com grande potencial de contaminação, uma vez que duas plantas, mesmo separadas por longas distâncias podem se cruzar facilmente.

Greenpeace – Para alertar sobre os riscos do milho transgênico, o Greenpeace enviou esta semana à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) o relatório “Coexistência Impossível”, mostrando que a contaminação causada pelo milho transgênico na Espanha causou grandes prejuízos para os agricultores. A CTNBio, que tem sido pressionada para autorizar a comercialização de milho transgênico, está discutindo a liberação de campos experimentais de plantas transgênicas e cinco pedidos de liberação para plantio e comercialização do milho – sendo dois da suíça Syngenta, dois da norte-americana Monsanto e um da alemã Bayer.

O Brasil cultiva em torno de 12 milhões de hectares de milho em todas as regiões, totalizando cerca de 42 milhões de toneladas. Os Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso concentram mais da metade da produção brasileira. “A liberação comercial do plantio de milho transgênico poderá gerar graves casos de contaminação no Brasil, trazendo prejuízos para nossos agricultores, principalmente para os que desenvolvem sementes tradicionais ou possuem certificação orgânica”, afirma Ventura Barbeiro, engenheiro agrônomo do Greenpeace. O milho é uma espécie com grande potencial de contaminação, uma vez que duas plantas, mesmo separadas por longas distâncias, podem se cruzar facilmente. Essa fecundação, chamada de polinização cruzada, causa a transferência dos genes das culturas transgênicas para as convencionais, devido ao transporte do pólen pelo vento.

“Se a soja, que apresenta um risco menor de contaminação do que o milho, tem causado prejuízos a agricultores convencionais e orgânicos, o milho trará estragos ainda maiores”, avalia Barbeiro. A contaminação de lavouras de soja orgânica por transgênicos levou a empresa mineira EcoBrazil Organics à falência e trouxe graves prejuízos para agricultores orgânicos ligados às cooperativas gaúchas Sustentagro e Cotrimaio.

O relatório espanhol “Coexistência Impossível” apresenta resultados de testes de laboratório com amostras retiradas de campos de milho de 40 agricultores orgânicos e convencionais. O estudo comprovou a contaminação não intencional com transgênicos em quase um quarto dos casos. Em três deles, a contaminação ocorreu em variedades locais de milho, conhecidas como sementes crioulas, selecionadas durante anos, que não podem mais ser usadas para plantio futuro. A perda dessas variedades representa uma drástica redução na biodiversidade da semente de milho, essencial para a agroecologia. As contaminações ocasionaram prejuízos econômicos sérios para os agricultores, que não puderam mais vender seu produto com o prêmio pago a produtos convencionais e orgânicos.

A contaminação de milho por transgênicos já atinge também o centro de origem da espécie: o México. Para denunciar essa perda de biodiversidade das variedades selvagens de milho, na semana passada o Greenpeace e os Circlemakers, grupo inglês de desenhistas profissionais, desenharam um ponto de interrogação gigante em uma plantação de milho em Oaxaca, estado em que há cinco anos foi identificada contaminação por variedades transgênicas. A ação teve como objetivo alertar a população sobre a pressão que as empresas multinacionais exercem sobre o governo federal para que se permita o cultivo de milho transgênico no México.

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